Weber, do STF, nega pedido do governo após caso de bloqueio do Telegram

No mês passado, o advogado-geral da União, Bruno Bianco, entrou com um pedido de medida cautelar no STF contra medidas de suspensão de aplicativos

Weber, do STF, nega pedido do governo após caso de bloqueio do Telegram | Ascom
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FÁBIO PUPO

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

A ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), negou um pedido do governo que tentava impedir o bloqueio de aplicativos que descumpram decisões judiciais.

A requisição da AGU (Advocacia-Geral da União) havia sido feita no mês passado, pouco após a determinação de suspensão do Telegram pelo ministro Alexandre de Moraes.

"Por se mostrar manifestamente inadmissível a via processual eleita para a veiculação do pleito formulado, não conheço do pedido de tutela de urgência incidental deduzido pelo senhor Advogado-Geral da União", escreveu a ministra na sexta-feira (8).

No mês passado, o advogado-geral da União, Bruno Bianco, entrou com um pedido de medida cautelar no STF contra medidas de suspensão de aplicativos, e o pleito foi direcionado a uma ação direta de inconstitucionalidade relatada por Weber.

Rosa Weber, do STF, nega pedido do governo após caso de bloqueio do Telegram - Foto: STF

O pedido era para estabelecer o entendimento que penalidades previstas na lei 12.965 (que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil) não pudessem ser aplicadas em caso de inobservância de ordem judicial.

Com isso, o governo tentava reverter a decisão de Moraes, que acolheu pedido da Polícia Federal em março e determinou que as plataformas e provedores de internet bloqueassem o funcionamento do Telegram em todo o Brasil.

Na decisão de 18 páginas, Moraes salientou reiteradas vezes a "omissão" do Telegram em cessar a divulgação de notícias fraudulentas e a prática de infrações penais.

O Telegram é visto como uma das principais preocupações para as eleições de 2022 devido à falta de controles na disseminação de fake news e se tornou também alvo de discussão no Congresso e no TSE para possíveis restrições em seu funcionamento no Brasil.

O presidente Jair Bolsonaro (PL), que usa de forma intensiva o Telegram, afirmou na ocasião que a decisão de suspensão do aplicativo não tem "nenhum amparo no Marco Civil da internet e em nenhum dispositivo da Constituição".

Posteriormente à ordem de bloqueio, no entanto, o Telegram entrou em contato com as autoridades brasileiras e conseguiu convencer Moraes a reverter a decisão. O advogado Alan Thomaz foi nomeado representante da ferramenta no Brasil, umas das providências adotadas pela empresa como resposta à medida do ministro.

Além disso, no fim de março o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) informou que o Telegram aderiu ao programa de enfrentamento à desinformação nas eleições.

O objetivo do programa é combater conteúdos falsos relacionados à Justiça Eleitoral, incluindo as urnas eletrônicas e os atores envolvidos no pleito –ministros do TSE, por exemplo.

Outras plataformas já haviam firmado a parceria com a corte anteriormente, incluindo Twitter, TikTok, Facebook, WhatsApp, Google, Instagram YouTube e Kwai.

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