O doleiro Alberto Youssef afirmou à Justiça Federal nesta quarta-feira (29) que arrecadou entre R$ 150 e R$ 180 milhões com os crimes que confessou em acordo de delação premiada. Segundo Youssef, que afirmou ser um dos operadores da propina, cerca de R$ 8 milhões deste montante ficaram com ele, e o restante foi distribuído para outros participantes do esquema, sobre o qual ele forneceu detalhes em quatro horas e meia de depoimento.
A audiência fez parte da instrução de um dos processos que tramitam contra ele na Justiça Federal. Além de afirmar o montante arrecadado por ele, Youssef também disse novamente que empreiteiras faziam parte de um cartel que tinha por objetivo vencer licitações da Petrobras – conforme denúncias do Ministério Público Federal (MPF) nas investigações da Operação Lava Jato.
Conforme o doleiro, o esquema era “sistemático”, mas as empresas sabiam que se deixassem de pagar a propina, não seriam mais beneficiadas. Questionado pelo juiz Sérgio Moro sobre ameaças aos executivos, Youssef negou, e disse ainda que nenhuma empresa ameaçou denunciar o esquema ou deixar de pagar a propina combinada. Segundo Youssef, no início eram 16 empresas que integravam o esquema, que depois cresceu. “Praticamente todas as empresas desse mercado participavam”, disse.
Dentro da estrutura da Petrobras, Youssef disse que agia apenas nos contratos com a Diretoria de Abastecimento, mas que tinha conhecimento de que o mesmo ocorria nas diretorias de Serviços e Internacional. Ele contou que entrou no esquema quando o ex-deputado José Janene conseguiu colocar Paulo Roberto Costa na Diretoria de Abastecimento, e ficou até a saída de Costa da Petrobras, em 2012.
Youssef disse ainda que o dinheiro da propina paga no âmbito da Diretoria de Abastecimento era destinado ao Partido Progressista (PP) e ao Partido dos Trabalhadores (PT), somando 1% do valor de cada contrato. No PP, segundo Youssef, a divisão deste 1% da propina era de 60% para o partido, 30% para Paulo Roberto Costa, 5% para João Claudio Genu, assessor de Janene, e 5% para o próprio Youssef.
O doleiro ainda relatou que fez pagamentos para o então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, mas não pessoalmente. Vaccari, que está preso em Curitiba, nega que tenha recebido qualquer valor ilegal.