Ao depor na CPI do Transporte Público nesta terça-feira (15/06), na Câmara de Vereadores de Teresina, Carlos Daniel, que chefiou a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito entre 2014 e 2019, confirmou que pelo menos três vezes foi autorizada a operação de veículos para além do outorgado na licitação para operação do serviço na capital. O tema foi debatido no Jogo do Poder, do Jornal Agora.
Segundo ele, as operações se deram para a garantia da prestação do serviço à população. Em alguns casos, com a cessão de ônibus de empresas de dentro do próprio consórcio, e num terceiro, com a locação de veículos de uma empresa de fora, que só depois foi descoberto pela superintendência.
Daniel deixou claro que quando a empresa faz a solicitação dos veículos para rodar a responsabilidade é do consórcio, inclusive em caso de acidentes. “Não é obrigado que o ônibus seja dele e que tenha sido pago à vista, para funcionar, ele é obrigado a solicitar a autorização da Strans”, disse.
Carlos Daniel destacou ainda que os pedidos para liberação de veículos foram feitos pelas empresas, e não pela Strans. “(Foram) autorizados como forma de melhorar o atendimento em cada zona. Quando uma empresa estava com muita dificuldade, saísse para não atrapalhar. Isso foi feito, e jamais eu disse a qualquer um deles, qualquer coisa. Foi dito de lá para cá, pedindo para colocar esses carros, como forma de diminuir esse sofrimento. Eles começavam a ter os carros velhos, teriam que ser substituídos e eles não tinham condições. Ele diziam, ‘rapaz, nós não temos condições. A solução que tem é essa aqui. Pode?’, e eu disse, ‘pode’”, respondeu ao presidente da CPI, vereador Dudu (PT), durante o depoimento.
O segundo a ser ouvido foi o ex-superintendente Weldon Bandeira, que ficou no cargo até dezembro de 2020. Ele foi questionado por Dudu sobre o valor pago às empresas no ano eleitoral. Segundo Weldon, o montante é referente a parcelamento de dívidas da gestão com as empresas.
“O último acordo ele foi firmado em outubro de 2019. Onde se apurou todos os débitos do município de janeiro de 2015 a setembro de 2019. Chegou-se a um saldo, indicado por perícia judicial, acordado entre as partes e homologado em juízo em outubro de 2019, e a partir daí deu-se o parcelamento desta dúvida, uma vez que o município não dispunha deste saldo de imediato para pagar. Esse parcelamento encerrou-se em dezembro de 2020. Então, esse valor de R$ 36 milhões são dívidas apuradas do sistema”, explicou.