Conselheiro reclama falta de exames em criança envenenada

Conselheiro reclama falta de exames em criança envenenada

A criança suspeita de ter sido envenenada ao comer um bombom que recebeu de um estranho na última terça-feira, na zona leste de Teresina, recebeu alta hospitalar nesta sexta-feira (21). O garoto de 11 anos precisou ser internado no Hospital Areolino de Abreu após ter crises convulsivas durante uma audiência no Conselho Tutelar. 

Ontem, a delegada titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Luana Alves, afirmou que não descarta nenhuma hipótese na investigação do caso, que pode ter relação com jogo Baleia Azul, que virou febre na internet e tem provocado suicídios entre jovens. 

De acordo com o conselheiro tutelar, Djan Moreira, foi feito um pedido ao Instituto Médico Legal para que a criança passe por um exame toxicológico, o que não foi possível por conta do estado do Piauí não ter laboratório para esse tipo de análise.

"Desde terça que foi feita a requisição e não fizeram alegando que aqui não faz. A gente vê claramente que temos uma Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente que colocam que criança é sujeito de direito, essa lei que é tão criticada, mas, você vê aqui na prática que quando se trata de cuidado os direitos são violados”, afirmou o conselheiro. 

Segundo o diretor do Instituto de Criminalística do Piauí, Antonio Nunes, a orientação é que sempre seja feita a coleta do material, apesar de o estado não ter o laboratório para a análise. De acordo com o diretor, a demora na coleta pode gerar prejuízos para o resultado do exame. 

"A orientação da direção do IML é que nesses casos suspeitos seja coletado o material, o fato de não haver a coleta não coaduna com a orientação da direção da policia técnica-científica. Pode gerar prejuízo dependendo do tempo que a gente demorar para examinar esse caso. Como a criança está viva, vai metabolizando e dificulta cada vez mais, ou seja, só podemos coletar o sangue. Quando morre, a gente pode coletar material do fígado, o líquido do globo ocular, temos acesso também ao conteúdo intestinal”, disse. 

Ainda segundo Antonio Nunes, o Piauí tem dependido de outros estados para a realização desse tipo de exame e os resultados podem demorar até três anos para sair em alguns casos. De acordo com ele, há um projeto para a construção de um laboratório do tipo no estado. 

"É importante que se diga que a gente não tem laboratório de toxicologia no Piauí, há um projeto que foi entregue para a Secretaria de Segurança e a informação que temos é que foi para a licitação, então a gente depende da boa vontade de outros estados e isso não é simples. Para se ter uma ideia, certa vez eu mandei dois materiais para Fortaleza, nos entregaram o resultado três anos depois e assim mesmo fizeram só de um e devolveram o outro porque não puderam fazer”, finalizou.

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