O corpo de um bebê foi retirado de um velório no município de Picos, a cerca de 340 km de Teresina, devido suspeita de negligência médica. O parto da criança ocorreu no último domingo (23/07) no Hospital Regional da cidade.
A mãe, não identificada, tem apenas 16 anos e estava no nono mês de gestação. Segundo a família, a adolescente foi levada para atendimento no Hospital com muitas dores, mas não conseguia ter o bebê em parto normal. Os pais pediram que os médicos fizessem uma cesariana para diminuir o sofrimento, o que não aconteceu.
A criança nasceu após 6h de um trabalho de parto, mas morreu logo depois. Revoltada, a família levou o recém-nascido para casa, quando a Polícia Civil decidiu intervir e pedir uma investigação mais rigorosa para apurar o que provocou a morte do bebê.
A avó do bebê, Silvia Maria, relata como tudo aconteceu. “Ela estava sendo velada quando a delegada perguntou onde ela estava, aí eu disse: ‘estava em casa’, aí ela disse ‘quem mandou?’, foi eles [médicos] que deram atestado de óbito e mandaram levar para casa. Então era já de noite, eu coloquei ela para velar e falei ‘não vou enterrar antes de fazer um boletim de ocorrência’, ‘eu quero justiça’, aí ela disse ‘muito bem, quando terminar aqui a senhora pega o bebê e leva para o necrotério, que eu já vou acionar o IML para pegar ela e levar para Teresina para fazer a perícia, para nós saber o que ocasionou a morte dela, porque se tiver sido negligencia médica, aí a gente vai tomar as providências’. Foi isso que ela [delegada] falou. Quem levou fui eu, eu tirei ela de casa, levei, a funerária foi. Eu liguei para ela [delegada], ela veio e levou para o necrotério’", contou.
De acordo com a avó, um segurança do necrotério de Picos impediu sua entrada no local. Ela conta que ficou do lado de fora juntamente com outros familiares. "Quando chegou no necrotério, o segurança disse assim ‘aqui, não..Se você quiser esperar a perícia de Teresina, que você espere no meio da rua, que aqui dentro ela não entra mais’, aí eu disse ‘não entra por quê? pois ela vai entrar’”, disse.
“Nós ficamos no meio da rua, eu, o pai, minha cunhada e minha outra cunhada. Nós todos ficamos lá, quando o IML chegou e um homem veio e perguntou pela bebê, disse que tinha vindo buscar. Ele [funcionário do IML] me deu os papéis, e foi meu genro quem colocou [o corpo] dentro do carro”, relatou.
Ainda segundo ela, os médicos afirmaram que a criança morreu devido má formação no coração, o que segundo ela, não é verídico.
“Disseram que a criança morreu de má formação no coração. Eu levei os exames de ultrassom todos e mostrei, olha se ela tinha má formação no coração, por quê quando estávamos na gestação fazendo exames de ultrassom, o médico disse que o coração dela estava perfeito, tudo perfeito? Eu acho errado que o médico não quis fazer cesária, não fez e passou da hora de ele fazer, foi aí onde a criança morreu. Ela passou do tempo e com poucos minutos ela faleceu, falta de quê? De oxigênio! Porque ela já tinha perdido o oxigênio todo”, relatou.