Após vários anos de estiagem, apicultores do Piauí comemoram a retomada do crescimento na produção de beneficiamento de mel na região de Picos. De acordo com o presidente da Cooperativa de Apicultores, Sistonho Dantas, investimentos em tecnologia e participação dos produtores em eventos da área estão possibilitando maiores melhorias.
“Temos que adequar nossa produção, investindo em tecnologias que a gente consiga desenvolver nossa atividade mesmo no período da estiagem. Isso vem sendo feito ao longo desses últimos cinco/seis anos com essa luta nossa, com a participação dos apicultores em congressos, nos workshops e nos eventos que a gente participa. Nós vamos nos aperfeiçoando, vamos trocando experiências para poder garantir essa atividade, vamos dizer assim, no patamar dos países de primeiro mundo, porque o mercado hoje é internacionalizado”, afirmou.
Para manter a alta na produção, alguns produtores estão levando suas colmeias para outros estados devido a baixa umidade do ar a partir do mês de maio. Um dos estados é o Maranhão, como explica a pesquisadora Juliana Bendin.
“Poucos dos pequenos vão, são mais médios e grandes apicultores. Ultimamente a rota de migração mais executada tem sido o Maranhão, os piauienses instalam suas colmeias lá, fazem o arrendamento da terra. A apicultura no Maranhão está começando a se destacar”, acredita.
Pesquisas feitas por ela indicam que a meta dos eficazes para que haja produção no Piauí mesmo em tempos de seca. “A gente tem trabalhado com as linhas de sombreamento; a oferta interna de água, as canaleta de água dentro das colmeias proporcionou um não ressecamento das lavas dentro da colmeia, que proporcionou um microclima ali dentro e os apicultores, alguns já estão aderindo e obtendo ótimos resultados”, explicou.
Outro fator de relevância nessa nessa fase da apicultura piauiense, é o combate às queimadas através de um plano de contingência feito pelo Corpo de Bombeiros com ajuda de membros da sociedade. “A gente se uniu, porque somente o Corpo de Bombeiros a gente viu que não estava dando resultado. Mesmo com todo trabalho que a gente tem de cursos, de palestras, de estar correndo nos povoados, a gente sentiu que estava pouco. Foi uma coisa que deu muito certo no ano passado, as pessoas participaram, o fogo diminuiu. Esse ano a gente já está na luta, deu continuidade ao plano e aumentou o número de pessoas que estão participando. Então é uma junção”, explicou a Major Ana Cleia.
Outros métodos também são usados para manter o Piauí como um dos maiores produtores de mel do país, com eventos promovidos pela pesquisadora Juliana Bendin.
“O primeiro encontro de mulheres apicultoras. A gente tem percebido a presença das mulheres, porém, muitas ficam apenas no beneficiamento, e não vão para o campo. Elas não se apropriam como protagonistas da atividade. Então a gente tem trabalhado no sentido de incentivá-las a terem isso como uma fonte de renda que, de fato, seja delas próprias”, disse a pesquisadora.
O beneficiamento de mel no Piauí em 2017 chegou a 5.500 toneladas. Destas, 4 mil foram exportadas para Europa e também Estados Unidos. A previsão para 2018 é ainda melhor.
“Ter uma produção da florada aqui da região, da microrregião de Picos, nós já superamos a produção do ano passado. Com certeza vamos manter e a tendência é ampliar”, finalizou o presidente da Sistonho Dantas.