Macos Gil Silva, de 28 anos, era usuário de drogas e morava nas ruas. Ele foi assassinado a golpes de faca na última quinta-feira, em Teresina. Gilberto Oliveira, pai da vítima, recebeu a notícia na segunda-feira e veio de Santa Inês, no Maranhão, para resgatar o corpo, o que não será possível.
“A situação que se encontra ali é triste e não tem a menor condição de levar. Eu estou aqui com o rapaz da funerária, iria mandar fazer os laudos necessários para embalsamar e levar. O rapaz se encontra aqui e nós trouxemos o caixão para levar o corpo para velar, mas quando é na hora de levbar a situação está desse jeito”, desabafou.
No Instituto de Medicina Legal (IML), a situação é de total descaso com os corpos. Nesse momento, segundo apurou a reportagem, vários corpos estão colocados no chão, cobertos apenas com plástico, o que acelera, por não estar na geladeira, o processo de apodrecimento.
Os cadáveres já exalam mau-cheiro. O espaço onde o corpos estão, inclusive, não parece apropriado para armazenamento de cadáveres. A situação é: corpos enfileirados, e muita sujeira no local. O mau-cheiro não permite a permanência de familiares por muito tempo no ambiente.
“É a pior sensação que podemos ter, porque nem um animal quando morre na casa da gente, nós não deixamos como deixaram meu parente ali jogado no chão, em estado de putrefação”, diz uma das familiares, bastante revoltada. A família está inconformada e não sabe o que fazer com o corpo em estado de decomposição.
O diretor do IML, André Bioni, explica o que houve nesse caso especifico. “Em primeiro lugar, nós já conversamos com a família inicialmente. Eu quero aqui colocar nossa tristeza e realmente lamento por esse fato ter acontecido. Na verdade, era esperado. A família, com razão, esperava que esse cadáver tivesse sido armazenado em uma das nossas geladeiras e por um motivo que ainda estamos apurando, esse cadáver não foi colocado na geladeira. Por conta disso ele entrou no processo natural de decomposição”, contou.
Segundo o diretor, tal fatalidade não ocorre com frequência no IML de Teresina. “Os corpos que chegam, passados aqui no nosso ambiente, no clima e na temperatura que nós temos, em aproximadamente 24h o corpo começa a apresentar sinais de decomposição. Com 48h ou 72h, o corpo já está em franca decomposição”, explicou.
Diante do fato e das imagens que comprovam a situação caótica, o diretor garante que tudo será devidamente apurado. “Ouvi parte dos servidores, dos funcionários. Porque foi toda uma cadeia de erros: a pessoa guardou, mas não no dia seguinte. Eu não gostaria de estar aqui a público atribuindo a esse ou aquele a culpa, já que foi exaustivamente apurado, ouvido. Mas certamente haverá um processo administrativo”, finalizou.