Desde junho a Secretaria Nacional de Defesa Civil e o Ministério da Integração Nacional reconhece a situação de emergência decretada pelo Governo do Piauí em 152 municípios. O decreto de emergência foi assinado pelo governador Wellington Dias no dia 25 de junho, sob recomendação da Secretaria Estadual da Defesa Civil e tem validade de 180 dias, a partir da data de publicação no Diário Oficial do Estado.
De acordo com o secretário estadual de Defesa Civil, Hélio Isaias, o reconhecimento da situação de emergência irá beneficiar milhares de agricultores familiares das regiões atingidas pela estiagem, pois eles terão o acesso a programas federais como o Garantia Safra facilitado. Alem disso, amplia-se também possibilidade de linhas de crédito junto aos bancos públicos.
As zonas urbanas das cidades atingidas pela seca que estão com dificuldade para o abastecimento irão receber água potável através da operação carro-pipa e as regiões onde a situação é mais grave, como São Raimundo Nonato e Pedro II, devem receber adutoras de engate rápido.
Nove municípios da região de São Raimundo Nonato dependem da barragem Petrônio Portella para o abastecimento. O reservatório está com apenas 12% de sua capacidade e a água, em razão do baixo nível e do elevado teor de sal, não tem qualidade para o consumo humano. Cerca de 110 mil pessoas sofrem os efeitos da estiagem na região.
A barragem de Salinas em São Francisco do Piauí, a maior do estado com 387 milhões de metros cúbicos, estava no fim no mês de janeiro com 69% de sua capacidade. O açude do Jenipapo, em São João do Piauí, bateu 48%. Em compensação, existem 13 barragens com menos de 20% de média e dessas, sete estão com menos de 10%.
Das 24 barragens administradas pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) no Piauí, 12 estão com menos de 50% de sua capacidade máxima. Em Pio IX, o reservatório Cajazeiras está com apenas 2,02%, segundo relatório mensal do órgão.
Das barragens do DNOCS, quatro estão com seus reservatórios acima de 90%: Caldeirão e Pé de Serra, ambos em Piripiri, Açude de Campo Maior e o de Poços, em Simplício Mendes. Em compensação, existem duas barragens com menos de 10% e quatro com menos de 20%.
Manoel Simão, presidente da FETAG ( Federação dos Trabalhadores em Agricultura) esteve no Programa Agora acompanhado do representante da Cáritas e do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca). Eles comentaram, a temática e como o Piauí tem se preparado para combater a seca que atinge todas as regiões do Estado.
“Para nós estamos muito preocupados com a situação das barragens, o pequeno agricultor tem muita dificuldade sem água. A água não chega para ele e muitas barragens são cercadas”, disse Manoel Simão.
João Evangelista, Coordenador Técnico da Cáritas, afirmou que as tecnologias podem ser usada a favor da vida no semiárido, mas que nem todos tem acesso a esses mecanismos.
“Queremos que as pessoas consigam conviver com uma gestão política dessa água na estiagem. Infelizmente esse lugar é assim e vai ser sempre assim, períodos bons e ruins na questão da água, então é preciso de adaptar”, disse João Evangelista.
Já para o diretor do DNOCS, Djalma Policarpo, a intenção do órgão não é permitir que pequenos produtores sejam prejudicados, mas que todos sejam atendidos.
“Temos muitos casos no Piauí que precisam que as pessoas tomem consciência. Infelizmente há a má distribuição e agressão da águas dos entornos de reservatórios de água. Apesar da dificuldade, o açude de Pedro II vai ser recuperado e reforço desses vales para que a população tenha segurança", afirmou Djalma Policarpo.
Segundo Djalma Policarpo, cerca de 20 operadores do DNOCS serão mobilizados para melhorar gerenciamento dos recursos hídricos do Piauí.