A morte de 25 menores em apenas três meses em Teresina foi o foco da entrevista que o Bom Dia Meio Norte realizou nesta quinta-feira, 21. A entrevistada foi a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Piauí, Luzinete Barros.
Durante a entrevista, ela considerou que a morte por violência é apenas mais um dos tipos de problemas que enfrentam a família e o menor.
Segundo ela, a solução não se dá a curto prazo, pois requer a participação integral da família e do governo. “Infelizmente é só mais um dos tipos de violência contra o jovem e o adolescente. Esses problemas não iniciaram de uma hora para outra, da noite para o dia. Tudo isso é consequência da falta de estrutura governamental e familiar, e o jovem termina se envolvendo no que não deve.”
O não cumprimento das normas do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma das maiores preocupações. O ECA diz que a responsabilidade é da família e do estado, mas esses elementos são omissos no contexto atual. A família se desestruturada já não oferece base para a criança. O que há de bom para formação dessa criança. A omissão do governo é grande, pois falta tudo Educação, Segurança, entre outras ações. Nada justifica essa ausência do Poder Público. A gente tem dificuldades na abordagem dos jovens, faltam valores básicos como a honestidade.”
No processo de formação da criança e do adolescente ela considera que a família, apesar da responsabilidade na formação, é vítima da falta de apoio governamental. “Nós precisamos do apoio da família, mas ela precisa do suporte do governo do estado. Essa família tem que ter o fortalecimento do governo para cuidar das suas crianças. O carinho e a boa formação são o caminho para mudar esse jovens. Nós vemos que na maioria das vezes são jovens que já foram vitimas desde a sua gestação, que deve ser assegurada à mãe também no nascimento da sua criança.”
A presidente considera que a morosidade da Justiça é um dos gargalos para a solução de problemas enfrentados atualmente pelo menor e pelas famílias. Alternativas que mudem o cenário atual, segundo ela, não podem surgir a curto prazo. “Quando se quer tomar uma atitude só se pensa em resolver um problema. A curto prazo não dá, pois temos que melhorar a base. A justiça é lenta, pois não é só dá entrada em processos. O acesso à Justiça tem que garantir o resultado de condenação ou não condenação. Os processos são muito morosos, o que compromete a lisura da Justiça em nossa sociedade.”, encerra.