A equipe de reportagem da TV Meio Norte se deslocou até o Parque Vitória, na zona Sul de Teresina para conversar com Marlene Leite do Nascimento, mãe de Thais Leite do Nascimento e avó do bebê que teve os lábios arrancados e foi desfigurada com mordidas pelo próprio pai. Ela também cuida dos outros três filhos de Thais.
Em conversa com o repórter Naldo Pereira, a idosa afirmou que ficou sabendo da história através de uma ligação. “Meu filho me ligou 04h, quando vi a ligação fiquei me perguntando o que estaria acontecendo, imaginei que era algo com meu pai porque ele é doente, mas me disseram que ela tinha ido para o hospital com o filho menor, eu fiquei sem entender porque ele era tão saudável”, disse.
Dona Marlene declarou ainda que a filha está bastante debilitada. “Não me mostraram o bebê, esconderam de mim. Deus está dando forças para minha outra filha acompanhar ele no hospital. A Thais não tem condições, ela está desmaiando, me pediu socorro, já pediu para ser internada, do nada ela cai dura no chão, está gelada, pressão alta, chorando, se treme, está quase morta”, afirmou.
A idosa falou também que a ferramenta usada no dia do crime pelo pai da criança pode ter sido uma chave de fenda. “Minha vizinha viu ele com a chave de fenda dizendo que ia matar ou ela ou o menino, disse que foi ciúmes. Minha filha está toda ralada e uma mancha roxa, ele usava drogas, ele pode ter dopado ela, ficou o dia todinho dando bebida para ela, porque se ela tivesse normal ela tinha feito alguma coisa, ela dava a vida por essas crianças”, disse.
A assessoria de comunicação do HUT disse que a criança perdeu 100% do lábio inferior e passará por uma nova cirurgia.
De acordo com a delegada Anamelka Cadena, a autuação em flagrante da mãe da bebê foi como vítima e não como acusada. “A autuação não foi só pela conduta mais agravosa que teve nesse cenário, que foi a questão da tentativa de homicídio contra o bebê, mas também pela lesão corporal e ameaça praticada contra a mãe do bebê, então na realidade ela figurou como vítima nesse procedimento, assim como a criança. Hoje tem mais pessoas para serem ouvidas, já foi ouvida a enfermeira que recepcionou a situação na UPA , os policiais que atenderam o caso, vizinhos, alguns familiares, a mãe foi ouvida novamente, além dela ter dito exatamente aquilo que foi falado na declaração inicial dela, o que ela trouxe corroborou com alguma declarações como a da avó, da vizinha” , afirmou.
Segundo a delegada, na audiência de custódia foi convertida a prisão em flagrante na preventiva do acusado. “Com outros elementos que a gente for juntando vai solidificar a autoria dele, eu imagino que seja complicado ele sair agora mesmo o fato tendo acontecido dentro de casa, sem testemunhas, você tem ele verbalizando anteriormente essa prática. Isso porque no final de semana antes ele andava com chave de fenda na cintura, e ele falou que era para matar a criança e a mãe com esse discurso de posse, as pessoas sabiam dessa situação foi uma tragédia anunciada, se tivesse denunciado pode ser que isso não aconteceria”, disse.
Sobre uma possível omissão da mãe da criança, a delegada afirmou. “É claro que a gente discute um pouco da questão da omissão dela, a conselheira tutelar vai fazer o acompanhamento dessa família, mas a gente vê que ela foi quem buscou o apoio para socorrer a criança, pediu para os vizinhos e ela estava nesse cenário de violência também, sofria ameaças, de uma certa forma a responsabilidade dela ainda discutimos, até finalizar o inquérito a gente pode avaliar. Sobre ele, ele foi ouvido e negou, o que vai fazer com que a gente perceba a autoria dele são os discursos das testemunhas, mas são bem claras, não tem como”, finalizou.