Delegado geral, James Guerra fala sobre caso 'André bundinha': “A criminalidade pune antes da lei”

Delegado geral, James Guerra fala sobre caso 'André bundinha': “A criminalidade pune antes da lei”

O delegado geral da polícia civil, James Guerra, esteve nos estúdios do programa Bom Dia Meio Norte para falar sobre as mortes que andam ocorrendo na capital, e o destino dos traficantes que amedrontam a população teresinense.

James Guerra começou relatando sobre o caso da morte do jovem Ruan Pedreira, vítima de bala perdida no dia do jogo do Brasil, na avenida Maranhão. “A respeito desse assunto fizemos uma perícia muito detalhada, que é a reprodução simulada com direito a reconstituição feita na avenida Maranhão e ontem nós fechamos justamente esses detalhes. O laudo do local foi finalizado e foi constatado que ele foi atingido a 170m de onde partiu o disparo, que era onde estava ocorrendo a discussão entre o suspeito e o segurança do bar. Por conta dessa impressionante distância muita gente sequer chegou a ver quando o Ruan foi atingido.

Nós recolhemos 5 projéteis, mas imaginamos que houve mais tiros, porque de acordo com testemunhas, ele chegou até a atirar para cima. Nós vamos fazer a perícia complementar que vai mostrar que em função da distância se tem a gravidade do ferimento. Até o final desse mês a polícia civil tem um compromisso com a família do Ruan e nós vamos entregar o caso concluído”, falou o delegado.

Sobre um caso mais recente, que foi o assassinato de um dos mais traficantes de Teresina, o André Bundinha, o delegado declarou. “A gente sempre trata das questões relacionadas com homicídio, o Piauí está inserido na realidade de Brasil, o nosso Estado disputa as estatísticas mais favoráveis com o estado de Santa Catarina que até ontem tinha 196 ataques e é porque tem um padrão europeu de segurança.

No Piauí a nossa realidade é diferente, o único ponto fora da curva na estatística é a questão dos homicídios em Teresina. Porque esses homicídios tem acontecido? Por diversos fatores que até precisaria de um estudo, mas entre esses fatores de ocorrência dos homicídios está justamente o combate que a polícia tem feito ao tráfico. Na hora que você prende traficantes de porte médio e grande em uma determinada região você acaba deixando aquele lugar vago e começa a disputa entre gangues por aquele ponto de drogas, então o número maior de prisões por tráfico acaba gerando um acréscimo de homicídios. É por isso que falamos que a política de enfrentamento a criminalidade não pode ser dissociada a educação, emprego e renda, se você atuar só com um braço do Estado você cria a situação de abrir o espaço nas outras áreas.

O 'André bundinha' foi preso pela polícia civil mais de quatro vezes, foi responsabilizado por homicídios relacionados com o tráfico, a legislação penal não vai alcançar o André bundinha, mas porque não vai alcançar? Porque ele morre antes. O que existe no Brasil é uma reincidência em massa, isso gera uma sensação de criminalidade maior e o enfrentamento e a violência se intensificam, diante disso esses conflitos passam a existir então o André como 'N' outros homicidas na hora que entra no sistema penitenciário é punido pela própria criminalidade, o que mostra que o sistema como um todo não funciona.

A própria criminalidade acaba punindo essas pessoas que tem o envolvimento antes da lei alcançar, por isso é que a gente não vê essas pessoas terem uma vida longa, os que fazem parte do grupo do André vão atrás de vingança e vai ficar nisso até que a policia efetue prisões, o que a gente precisa é de tratar a segurança como uma politica de Estado. A gente não vê uma proposta real para segurança, quem for administrar a segurança tem que saber que naquele ano tem um número 'x' de investimento e aquilo precisa ser cumprido”, finalizou.

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