Localizada no Bairro Santo Antônio, na zona Sul de Teresina, a conhecida Casa de Custódia, inaugurada há quase 22 anos, abriu as portas de todas as suas dependências para uma equipe de jornalismo.
Com a interveniência do corregedor-geral da Justiça, desembargador Francisco Antônio Paes Landim e uma autorização do secretário de Justiça e Direitos Humanos do Estado do Piauí, Henrique Rebêlo, a equipe de reportagem do Sistema Integrado de Comunicação Meio Norte percorreu desde a cozinha até as celas dos pavilhões, onde estão abrigados desde ?batedores de carteira? até assaltantes de banco, que junto com os traficantes e pistoleiros são tidos como os elementos mais perigosos do sistema prisional do Piauí.
Na passagem pelos corredores e pelos pavilhões a reclamação dos presos é uma só: A lentidão para o julgamento de seus processos na Justiça Estadual.
Desde a entrada percebe-se a preocupação extrema com a segurança nas dependências da Casa de Custódia de Teresina. Detectores de metais e outros meios que a Secretaria de Justiça não divulga por medida de segurança são usados na revista comum e na revista íntima, que consiste na verificação por agentes femininas da presença de armas, drogas e celulares nas roupas, na vagina e até no ânus das mulheres que visitam seus maridos, companheiros e namorados.
Também passam por um ?pente fino? alimentos, livros e roupas destinados aos 762 confinados (o prédio foi projetado para abrigar 324 presos) nos pavilhões A, B, C, D, E e F, que são comandados pelo diretor geral da instituição, o capitão da Polícia Militar, Dênio Marinho, que junto com outro oficial da PM, capitão Anselmo Portela, são as autoridades responsáveis pela manutenção da ordem e da disciplina na Penitenciária José Ribamar Leite.
Marinho foi o nosso guia durante toda visita a Casa de Custódia e durante nossas passagens por corredores e pavilhões recebeu vários apelos de presos, a frase entonada é sempre a mesma: ?Senhor diretor, e o meu processo??.
Revista em presídio é feita por policiais encapuzados
Os presos como, por exemplo Anderson Siqueira Lopes, que ao que parece é evangélico (ele faz citações bíblicas em seu texto), não podem falar durante a revista que é feita por PMs encapuzados, mas entregam bilhetes onde se indentificam, apontam em que pavilhão estão confinados e há quanto tempo estão custodiados. No bilhete de Anderson se lê "PV-C. 6 anos / 10 mês - Provisório".
O detento Wellinton Pereira da Silva, preso em 2006 por homicídio, denuncia que está há mais de sete anos na espera por seu julgamento. "Já fui pronunciado há mais de 4 anos, a gente só pede agilidade nos processos, já era para o juiz julgar e dizer se a gente pode ir para o semi-aberto ou liberdade", afirma em tom indignado Wellinton.
Segundo o capitão Marinho, o caso de Wellinton será resolvido até o final desta semana.