Por Dowglas Lima
Doze dias depois de perder dois filhos quando parte da casa da família desabou no Parque Wall Ferraz (zona norte de Teresina), José Francisco Lima Oliveira, conhecido como Zé do Bolo, concedeu entrevista ao apresentador Ieldyson Vasconcelos no programa Bom Dia Meio Norte desta quarta feira. O pai deu detalhes dos momentos que antecederam o desabamento de um forno, que atingiu o quarto onde a família dormia, matando Amanda Maria Costa (9) e Raimundo Wanderson Costa (16 anos).
A esposa de José e mãe das vítimas, Maria do Socorro Costa, ficou gravemente ferida. Durante a entrevista, Zé do Bolo mostrou parte das escoriações que o acidente deixou nele: ferimentos nas pernas e na cabeça. Ele contou detalhes da fatídica madrugada, e revela que a esposa chegou a alertar que a integridade da casa estava ameaçada.
?Já havia parado de chover. Eu estava acordado, pois estava esperando que me trouxessem o leite Primeiro escutei um barulho no teto, e pensei que fosse um gato. Depois, o barulho aumentou bastante, e pensei que era um ladrão tentando entrar. Eu falei para a minha esposa que havia um ladrão tentando entrar. Ela, que estava deitada, disse, de olhos fechados: ?Não, isso é a casa querendo cair?. Amanda e Raimundo Wanderson dormiam no momento. Outro filho do casal, de 18 anos, também estava em casa, mas não se feriu porque estava em outro cômodo.
Zé do Bolo continua o relato: ?Continuei pensando que era um ladrão e, quando tentei levantar para conseguir vê-lo, tudo veio abaixo muito rápido?. Com a tragédia consumada, Zé do Bolo ainda removeu alguns escombros para tentar resgatar os filhos. Conseguiu chegar a Wanderson, e percebeu que o garoto estava muito ferido. Em seguida, viu que a esposa e a filha também haviam sido atingidas pelos escombros, e perdeu as forças para continuar tentando ajudá-las. ?Foi muito difícil. Foi pesado demais para mim?, relembrou.
Zé do Bolo relembra os filhos e agradece a solidariedade dos teresinenses
Emocionado, o pai lembra que a pequena Amanda costumava pedi-lo a bênção três vezes ao dia. ?Na primeira vez, ela sempre falava: "A bênção, meu pai!". Ela sempre dizia desta forma, em qualquer hora do dia: durante a manhã, à tarde ou à noite. Se fosse a primeira vez que ela me pedia a bênção, era dessa forma que ela fazia. Nas outras vezes, era só "a bênção, pai". Eram duas crianças muito bonitas. Não sei como vou acostumar a viver sem eles?.
José conta que, desde o dia do acidente, vem recebendo o carinho e a solidariedade de pessoas de toda a cidade. ?Eu pensei que só meus clientes gostassem de mim, mas hoje vejo que muita gente gosta?, disse o trabalhador.
Agora, Zé do bolo precisa de ajuda para recomeçar a vida. Graça Santos, líder comunitária do Residencial Dilma Rousseff (próximo ao local onde fica a residência da família), acompanhou Zé do Bolo durante a entrevista, e deu telefones de contato para quem quiser ajudar Zé a retomar o trabalho de fazer bolos, com o qual sustentava a família. Seguem os números: (86) 9954-1326 e (86) 3303-6257.