A jovem de 27 anos mantida em cárcere privado por 15 anos na residência de Danielly Mesquita Medeiros revelou à polícia um histórico prolongado de abuso e exploração . Em entrevista para o Bom Dia Meio Norte, apresentado por Ieldyson Vasconcelos, o delegado Odilo Sena e o chefe de investigação do caso, Joatan Gonçalves, deram mais detalhes sobre a prisão e acusações contra a servidora pública e ex-candidata a deputada federal no Piauí.
O caso chegou à delegacia em 2019, por conta da denúncia de vizinhos, mas acabou sendo interrompido por motivos que ainda serão investigadas. Janaína dos Santos Ferreira era submetida a condições análogas à escravidão desde os 12 anos de idade, quando foi entregue por seus pais para passar alguns dias com Danielly, que além de sua madrinha, é prima de sua mãe. A jovem, natural de Chapadinha, Maranhão, foi enganada por falsas promessas de ajuda e melhores condições de vida em Teresina.
“Ao chegar em Teresina, a promessa de ajuda se transformou em um pesadelo, e a denunciada transformou ela em uma pessoa escravizada. Ela era mantida em um quarto, sofrendo agressões e sendo acusada pela suspeita de ter mantido relações sexuais com os filhos dela. Não havia sequer um ventilador no local onde a vítima era mantida”, contou.
Durante 15 anos, a vítima era obrigada a realizar tarefas domésticas e cuidar dos dois filhos de Danielly, sendo um deles autista. Os policiais contaram que a mulher enfrentou constantes agressões físicas sempre que as crianças cometiam algum erro, sofrendo lesões que agora se tornaram evidentes. A falta de cuidados básicos era evidente, com relatos de ausência de um quarto adequado, privação de ventilador e um colchão improvisado ao lado de uma cama.
Investigações adicionais revelaram que a vizinhança já havia denunciado a situação à polícia anteriormente. No entanto, o boletim de ocorrência que levou ao resgate foi registrado pelo ex-namorado da vítima, que identificou que ela vivia em condições análogas à escravidão. “Foi o namorado da vítima foi quem expôs a situação. Ele se tornou testemunha no processo e fez o boletim de ocorrência. O caso chegou à delegacia em 2019, por conta da denúncia de vizinhos, mas acabou sendo interrompido por questões que ainda serão investigadas, contou.