Sérgio Moro é candidato a Presidente e fala da luta anti-corrupção

Na edição do Jogo do Poder, os jornalistas Amadeu Campos, Arimatéa Carvalho, Ananias Ribeiro e Sávia Barreto sabatinaram o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro

Na edição do Jogo do Poder desta sexta-feira, 26 de junho, os jornalistas Amadeu Campos, Arimatéa Carvalho, Ananias Ribeiro e Sávia Barreto sabatinaram o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro. O ex-juiz federal que rompeu a parceria com o presidente Jair Bolsonaro há aproximadamente dois meses, tem constantemente o seu nome ventilado para a sucessão em 2022.

Cotado para o próximo pleito presidencial, Moro desconversou sobre a questão, evidenciando que não é o momento de pensar em política partidária, porém, confirmando que ficará mantido no debate público, principalmente no que se refere ao combate à corrupção.

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“Vou trabalhar como um cidadão comum, vou procurar me inserir na sociedade civil organizada, para cobrar como cidadão comum ações consistentes nesta área. Vamos ter agora no Congresso a possibilidade de retomar a condenação em segunda instância. Não tenho a pretensão de anunciar a candidatura que não existe, é um debate de ideias. Nunca tive esse sonho não, agora realmente há uma grande dificuldade e sinceramente não achei o apoio suficiente do Palácio do Planalto para adentrar nessa área. Tem muito a ser feito”, disse.

Questionado sobre o temor de alguns atores políticos em sua possível candidatura à presidência, Sérgio Moro foi enfático. “A preocupação de algumas pessoas é essa preocupação que muita gente se dá bem com status quo de impunidade, mesmo que existam políticos honestos, há muitos desonestos”, disse. 

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Lava Jato

Alçado ao conhecimento público por sua atuação na Lava Jato, que inclusive ocasionou a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Moro rebateu as críticas de que a operação demonizou a política. 

"É certa uma incompreensão do que foi a Lava Jato, foi uma grande investigação, a maior feita contra a corrupção e muitas as pessoas associam a minha pessoa e eu fui um dos juízes, o que foi descoberto foi um esquema na Petrobras. Eu particularmente tenho a consciência tranquila, as pessoas foram acusadas, condenadas e não foi só por mim, foi pelo Supremo Tribunal de Justiça, e na minha opinião quando se combate à corrupção, se fortalece a própria democracia", disse.

O ex-juiz ainda explicou as motivações que o fizeram deixar a gestão do presidente Jair Bolsonaro.De  acordo com o advogado, o líder do Planalto começou a abandonar agendas da campanha. 

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"Foi feito um convite, assumimos o compromisso de ser contra a corrupção, eu mantive esse compromisso, e minhas falas e posicionamentos sempre foram para a manutenção do império da lei, vejo esse movimento como uma reação a algumas falas autoritárias do presidente da República que ele deveria evitar fazê-las. Acaba sendo uma reação natural a esses arroubos autoritárias que acabamos vendo", frisou.

Combate à corrupção

Sobre o inquérito que envolve a suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal, Sérgio Moro destacou que está falando a verdade. O ex-juiz não  sinalizou se possui um dôssie de conversas, mas manteve sua postura no que se relaciona o caso. 

"Meu histórico como juiz, não falava muito publicamente, eu sempre falo a verdade, o que aconteceu é que minha saída do Governo acabei me sentindo expelido, gerou uma situação que eu não poderia permanecer, óbvio que o presidente poderia mudar o diretor da PF, mas tinha que se apontar quais os motivos. Minha versão dos fatos sempre têm sido a mesma, quem vem modificando a versão dos fatos são outras pessoas; não era nem minha intenção que se abrisse uma investigação policial, mas eu tinha que explicar os motivos. Creio que o presidente queria me ver fora há muito tempo. Posso assegurar que estou falando a verdade", destacou. 

Moro ainda frisou que mantém a pauta anti-corrupção, mesmo fora do Ministério da Justiça. 

"Permaneci sempre fiel aos meus compromissos, evidentemente ingressei no Governo do presidente, na minha área de Justiça e Segurança Pública creio que a atuação foi boa, tivemos avanços principalmente no crime organizado e criminalidade violenta, não avançamos tanto quanto poderíamos na pauta da corrupção. Eu entrei lá não para servir o presidente, mas para servir o país, realizar meus objetivos de combater à corrupção, nunca houve uma quebra desse compromisso. Claro que compreendemos críticas das pessoas que não entenderam, mas paciência", analisou.

Arrependimento

Questionado se havia se arrependido de migrar da magistratura para o Ministério da Justiça e Segurança Público, Moro negou, indicando que mesmo com todas as dificuldades fez um bom trabalho na pasta, principalmente no que se relaciona ao combate ao crime organizado. 

"Infelizmente no Brasil, eu sai da magistratura e não tenho como retornar, agora eu tomei uma decisão na época e fui ponderado. Tomei um avião e as pessoas entusiasmadas e as pessoas felizes com aquela possibilidade. Fui forçado a sair pelas circunstâncias e não me arrependo não", disse.

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Moro lamentou qualquer deturpação da Operação Lava Jato, indicando que ela não teve o objetivo de enfraquecer a democracia. "Se houve esse efeito colateral, nunca foi o efeito desejado por aqueles que atuaram na  Lava Jato, eu sempre vi o combate à corrupção como uma forma de fortalecer a democracia", comentou.

Sobre a reunião do dia 23 de abril, o ex-ministro da Justiça reiterou o desconforto, explciando o motivo por não ter  se manifestado durante  o encontro. 

"Eu estava numa posição desconfortável, meu gestual é defensivo e eu pensava um misto destas duas frases: quando vai acabar tudo isto, porque estou aqui. Eu tinha uma reunião com ele no outro dia marcada, onde ia tratar desta questão da Polícia Federal", contou.

Moro ainda apontou que é possível conversar com os parlamentares, e que há políticos bons.  "Durante o Governo eu conversava muito com os parlamentares, há gente muito boa, há também aquela gente que não é boa; tivemos a discussão do COAF ficar ou não no MJ, com o Centrão contra mesmo assim a gente quase ganhou, foi uma diferença pequena de votos; eu conversei com dezenas de parlamentares que foram no meu Gabinete, o próprio Rodrigo Maia foi no meu Gabinete, então é possível. Mesmo dentro dos partidos do Centrão há muitos parlamentares bons", disse.

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