Por Victor Melo
O delegado Mateus Zanatta, coordenador das Delegacias Especializadas, concedeu entrevista na noite desta terça-feira (22) ao programa MN 40°, sobre o andamento das investigações sobre a morte do bebê Wesley Carvalho Ferreira, de 1 ano e 9 meses.
Familiares da vítima já foram presos e ouvidos, o que ajudou a chegar na principal linha de investigação da Polícia Civil, que aponta a morte da criança durante um jejum de duas semanas realizado pela família e que ele teria sido sacrificado durante um ritual. Além disso, o corpo da criança foi queimado.
“Trabalhamos muito no final de semana que passou e representamos por algumas prisões temporárias e cumprimos. Interrogamos eles, foi fundamental e esclareceu muito os fatos. Durante os interrogatórios, alguns interrogados falaram, que houve um acidente com ela e depois colocaram fogo na criança. A interrogada afirma que a família ficou jejuando por duas semanas e orando, inclusive a vítima. A vítima não aguentou, foi sacrificada e depois foi cremada”, detalhou.
Um dos investigados confirmou durante os interrogatórios que a criança teria sido jogada em uma caeira. Diante da informação, o Delegado Antônio Barbosa, da Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA), foi até o local indicado na tentativa de encontrar vestígios de restos mortais.
“Hoje, o delegado Antônio Barbosa, da DPCA, foi com a perícia para colher material e vestígios para tentar fazer um exame de DNA, para tentar fazer prova técnica ao bojo do inquérito policial. No entanto, existem muitas omissões, controvérsias que nós precisamos esclarecer. O inquérito está em sua fase inicial. Nós temos que progredir muito para esclarecer, Devemos presentar por novas medida cautelares para progredir ainda mais para trazer a verdade dos fatos e da dinâmica de como ocorreu esses fatos”, completa.
Suposto profeta
O delegado explicou ainda sobre a ligação de um suposto ‘profeta’, identificado apenas como Xavier, que estaria por trás da morte da criança. A avó materna da criança, Maria Lúcia Ferreira Ferro, revelou em entrevista para a Rede Meio Norte que essa pessoa teria induzido a família fazer o jejum e a omitir o óbito do bebê. Segundo Zanatta, os envolvidos ‘endeusavam essa pessoa’.
“Durante os interrogatórios vimos que a família dessa criança endeusava uma pessoa de dentro da família. Talvez a morte esteja ligada a essa pessoa. No e tanto, nós precisamos fazer diligências e ouvir outras pessoas para verificar se essa historia condiz com a realidade”, finaliza.
Criança morreu de fome nos braços da mãe
A avó da criança confirmou a versão do jejum, pedido por um suposto profeta. Segundo Maria Lúcia Ferreira, Wesley Carvalho Ferreira morreu de fome durante esse período nos braços da mãe, Angela Valeria Ferreira, de 21 anos, presa junto ao pai da criança e os avós paternos do menino nesta segunda-feira (21).
“Disseram que eles estavam no negócio de um jejum de duas semanas, que eu não sei que jejum é esse, que estavam com duas semanas sem comer e aí esse profeta escolheu ele neném. Minha filha pediu para fazer o ‘gagau’ ele não deixava, ele chorando com fome, só quando terminasse não sei o que deles lá. O bichinho morreu nos meus braços dela com fome. Ela me contou isso. Estavam na roda deles lá de noite (ritual). Ela também tava morrendo. Se eu não fosse atrás dela eu tinha achado ela morta, como meu neto morreu de fome. Disse que queimaram. Ela disse que depois que aconteceu que quando entregou na mão do homem, pensava que ele ia levar o menino no hospital. Depois disso ela saiu chorando, não viu mais nada e só isso ela me contou. Quero justiça", explicou.
Maria Lúcia Ferreira destacou ainda que sua filha foi induzida a contar a versão do sequestro, de que o corpo estaria em um poço e só depois que ela apresentou a verdade para as autoridades.