Por Ivan Lima e Victor Melo
A Rede Meio Norte conversou com exclusividade no início da noite desta terça-feira (08), com os pais dos adolescentes Luian Ribeiro de Oliveira e Anael Natan Colin, sobre a prisão dos suspeitos que foram cumpridas na manhã de hoje. A família comemorou o avanço das investigações, mas ainda cobrou justiça das autoridades sobre o caso que ganhou repercussão nacional.
O empresário João Paulo de Carvalho Gonçalves Rodrigues, de 35 anos, dono do Frango Potiguar, seu tio, o servidor público Francisco das Chagas Sousa e o primo, o advogado Guilherme de Carvalho, foram presos na manhã de hoje durante o cumprimento dos mandados de prisão durante a operação “Xeque-mate”, pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Ainda muito abalada, Maria da Cruz, mãe do Luian Ribeiro, declarou que toda a família e os amigos, que comparecerem na residência, ainda sentem pela morte do filho. Ela pede justiça.
“Cada dia que passa a dor só aumenta e agora que vai começar a chegar toda a verdade. A gente não aguenta mais de tanto sofrimento de ver os amigos todos dele aqui. Eles poderiam ter feito diferente, não precisava matar, tirar a vida do meu filho dessa forma. Eu peço justiça! Agora eu só peço justiça. Eu agradeço muito. Só queremos que a justiça seja feita”, desabafou a mãe.
Gilmara Colins Sousa, mãe de Anael Natan, reforçou o pedido de justiça e reafirmou que os jovens não eram envolvidos no mundo do crime. Emocionada, a mãe ainda desabafou sobre o impacto da morte do filho na família, que segue revoltada.
“O que eles fizeram, eles vão pagar na justiça. O que eles fizeram não tem perdão, a maldade foi grande demais. Eu tenho certeza que ele deve ter falado que ele errou. Mas Deus sabe de todas as coisas. Ele não deixa nada oculto, tudo está sendo revelado. Eu só quero justiça. A vida deles nunca mais será a mesma. Assim como ele destruiu a nossa. O que nós duas estamos passando só nós sabemos. A gente conhecia nossos filhos, não eram bandidos, não eram traficantes”, reiterou Gilmara.
Já Ailton Pereira, pai de Anael, comemorou as prisões dos envolvidos e também clamou por justiça pela vida dos jovens. “Nós estamos muito satisfeitos porque eles estão presos agora e nós vamos atrás do Ministério Público para que eles possam manter e cumprir o máximo de anos na cadeia. Foi isso que nós, a família, queremos do poder público”, pede.
Munições de arma que teria sido usada nas mortes foram encontradas
A Rede Meio Norte conversou com o Delegado Luiz Guilherme, que preside o inquérito do caso. Segundo ele, foi encontrado dois carregadores de uma pistola 9 milímetros que teria sido usada na execução dos jovens. A arma seria de João Paulo, que a passou para o seu primo, autor dos disparos conforme as investigações. De acordo com o Luiz Guilherme, a pistola foi jogada no rio após o crime.
“Com o cumprimento do mandado na residência do João Paulo foi apreendido carregadores e munições dessa pistola que foi supostamente utilizada pelo Guilherme e pelo João Paulo. Nesse momento, o inquérito está chegando ao fim. Nós iremos verificar qual a real conduta de cada qual. A prisão deles é realizado com provas robustas. Temos indícios que houve tortura, bem como a ocultação dos cadáveres. O que foi dito e comprovado em laudo pericial, que o disparo entrou na região da nuca e transfixou saindo pela parietal. Indícios de que houve uma situação de rendição e de que o disparo aconteceu possivelmente com a cabeça abaixada ou então deitados”, pontuou.
O delegado rebateu ainda possíveis hipóteses de divergências sobre a primeira soltura do empresário, ocorrida horas depois de sua primeira prisão no dia 25 de janeiro. Para ele, diante do avanço do caso, a liberação foi muito importante de um ponto de vista estratégico no andar do inquérito.
“Essa liberação ela foi estrategicamente muito importante para o avanço, se não fosse ele, não teríamos também avançado ao ponto de chegar nos envolvidos do crime”, finaliza.
Motivação do crime
Na primeira vez em que foi preso, o empresário João Paulo de Carvalho Gonçalves Rodrigues, confessou em depoimento que os jovens estavam em uma festa ao lado do sítio da sua família, quando pularam o muro da propriedade para realizar um assalto. Eles estariam armados com uma barra de ferro retirado da motocicleta em que andavam.
Nesse momento, eles acabaram sendo capturados e levados para um matagal, onde foram mortos a tiros no povoado Anajás, região da cacimba velha, na zona rural Leste de Teresina.
Relembre o caso
Luian Ribeiro de Oliveira, de 16 anos e Anael Natan Colins, de 17, haviam desaparecido após uma festa, realizada no dia 12 de novembro de 2021, em um sítio próximo à Ladeira do Uruguai, na zona Leste de Teresina.
Após dois dias de buscas, os corpos dos adolescentes foram encontrados em um matagal às margens da PI-112, rodovia que liga a Teresina ao município de União. O DHHP chegou a levantar a hipótese de que Luian e Anael haviam sido mortos após uma briga de trânsito na madrugada em que foram assassinados.