Faltando menos de um quatro meses para o início da Copa do Mundo FIFA de 2022, as temáticas em torno da forma como o país anfitrião, o Catar, lida com a preservação dos direitos humanos, desperta o interesse do mundo. Na manhã desta quinta-feira (11), em entrevista para o programa Notícias da Boa, apresentado pela jornalista Cinthia Lages, o embaixador do Brasil em Doha, Luiz Alberto Figueiredo Machado, falou sobre a elaboração de um guia para orientar os torcedores brasileiros que forem assistir aos jogos no país árabe.
O tratamento dos grupos LGBTQIA+ deve constar nos aspectos culturais do manual e foi uma das temáticas abordadas durante o programa. No país predominantemente islâmico, a homossexualidade é ilegal e pode ser punida com até três anos de prisão. Segundo Luiz Alberto, as discussões sobre os direitos desses grupos ainda estão sendo versadas pelos organizadores do evento no país, em meio a declarações que cobram "respeito à cultura".
“Nós vamos aguardar uma orientação muito clara do governo local, mas o que tem sido dito em reuniões que as embaixadas têm com os organizadores é que não há interesse do governo do Catar de se imiscuir na vida privada das pessoas”, falou o embaixador diretamente de Doha, capital do Catar.
O embaixador explicou que o comitê organizador da Copa do Mundo deliberou que o acesso de casais homoafetivos aos hotéis e casas de hospedagem não será restrito. “Se duas mulheres ou dois homens quiserem alugar um quarto de hotel, não seria um problema. O que há, segundo eles, com relação a todas comunidades é a questão da demonstração pública de afeto”, disse.
Catar é um país conservador e demonstrações públicas de afeto são desaprovadas, independentemente da orientação sexual. Em uma atitude que gerou surpresa no ano passado, o major-general Abdulaziz Abdullah Al Ansari, militar que ocupa o posto mais alto nas forças de segurança do país, chegou a declarar que todos os cidadãos, independente da orientação sexual, serão bem-vindos.
Outro tema levantado pela jornalista Cinthia Lages foi sobre a proibição do consumo de bebida alcoólica no Catar. No Rio de Janeiro, por exemplo, a venda de bebidas alcoólicas em estádios de futebol é permitida desde a abertura dos portões até o apito final.
No país árabe, elas serão permitidas nas fan zones, além de bares, boates e restaurantes com licença para isso, normalmente localizados em hotéis cinco estrelas. “Bom, no Catar a bebida alcoólica pode ser consumida em estádios e restaurantes dos hotéis. A lei do local não permite a bebida e outras áreas que não sejam especificamente autorizadas”, disse.
Mesmo com temperaturas escaldantes, não é recomendado usar roupas curtas no Catar. Por ser um país conservador, principalmente em relação às mulheres, a recomendação em vigência é evitar blusas com decote ou sem mangas, calças muito justas e bermudas ou saias que não cubram os joelhos.
“Os visitantes devem usar uma vestimenta que cubra os ombros e os joelhos. Essa é a restrição normal aqui e durante a copa continuará em vigor para as áreas públicas, museus e estádios. Tudo isso nós iremos colocar na cartilha do torcedor, embora estejamos à espera de uma definição mais clara do governo do Catar. O
que nós estamos divulgando hoje é uma lei geral que controla, por exemplo, a questão da bebida alcoólica e vestimenta. Ainda aguardamos a definição final do governo”, falou.
Embora seja um país diferente do Brasil, o embaixador afirma que os estrangeiros terão uma boa experiência no país, considerado acolhedor e gentil com turistas. “O Catar é um país muito acolhedor e, sem dúvidas, é um país que respeita as culturas dos outros e naturalmente tem o interesse de que a sua cultura também seja respeitada. Eu acho que na Copa do Mundo nós vamos encontrar um meio termo em que todos estarão confortáveis com a festa do futebol”, falou.