Tradição incomum: amigos se reúnem em Teresina para apreciar pequi

Amigos se reúnem em Teresina para preparar e consumir refeições cujo ingrediente principal é o pequi

Um fruto que divide opiniões: é amado e odiado. Muita gente não suporta o sabor e cheiro marcante que o pequi exala, enquanto outros criam até mesmo reuniões entre amigos para apreciar a iguaria típica em quase todo o Cerrado. O programa Notícias da Boa, apresentado pela jornalista Cinthia Lages, convocou o aposentado Lourival Barbosa para falar sobre um “ritual” de amantes de pequi que ele ajuda a coordenar. Confira a entrevista abaixo!

Lourival mantém um grupo de amigos que se juntam em Teresina para preparar e consumir refeições cujo ingrediente principal é o pequi. Pelo menos 12 casais fazem parte da associação defensora do sabor inigualável do alimento.

 “Nosso grupo surgiu de modo espontâneo. A gente sempre se encontra, mas o cardápio do pequi foi nossa amiga Sueli que deu a ideia. Desde então, temos um freezer abastecido para o ano todo. Quando dá vontade de comer pequi, é só colocar no grupo de Whatsapp ‘bora comer pequi?" e todo mundo vai”, falou.

Ingrediente raríssimo nos menus de restaurantes, o fruto tem espaço garantido e de destaque nas refeições dos apreciadores. Segundo Lourival, as receitas mais consumidas são maria isabel de galinha com pequi e costela bovina acompanhada do fruto. Recentemente, o grupo degustou o picolé do pequi e ganhou de presente da apresentadora Cinthia Lages um licor produzido a partir da iguaria.

“Em um mundo tão cheio de mazelas, fazer isso é uma terapia para nós. As pessoas doam o pequi, nem sempre compramos, há uma memória afetiva nisso” relatou. De acordo com Lourival, seu grupo de amigos costuma consumir 150 pequis em uma única refeição e que a tradição também se estende para o consumo do peixe camurupim, popular no litoral do Piauí. 

Para Lourival, comer pequi não se trata de uma tendência de produção, mas sim de uma gastronomia baseada em memória afetiva e identidade cultural.

Pequi sem espinhos?

O programa Notícias da Boa também compartilhou a informação que a Embrapa Cerrados e a Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater-GO) lançaram, em Goiânia (GO), seis cultivares de pequi –  três com espinhos no endocarpo (caroço) e três sem espinhos. É a primeira vez que estão sendo lançadas cultivares de uma fruteira nativa arbórea perene do Cerrado. Os novos materiais alinham elevada produtividade e qualidade de polpa, atendem a necessidades de agroindústrias e de consumidores e contribuem para a preservação da espécie.

Foram 25 anos de pesquisa e de trabalho em parceria, conduzidos pelas duas instituições, com a participação também de produtores (confira  abaixo o histórico da pesquisa).As cultivares foram registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para cultivo em pequena escala na região de Goiânia e em outros locais com condições edafoclimáticas semelhantes, mediante avaliações prévias. A partir de agora, produtores rurais poderão plantar o pequizeiro em pomares comerciais, utilizando um adequado sistema de produção, com garantia de uniformidade, qualidade, precocidade e produtividade.

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