Arroba bate R$ 300 e pecuária tem ano histórico

Marcado por recordes históricos, o ano de 2020 pode ser considerado de ouro para o pecuarista, mas deixou alguns aprendizados

O ano de 2020 foi marcado por um patamar elevado de preço da arroba, batendo na casa dos R$300,00. Entretanto, a média do ano foi na faixa de R$220,00. Houve falta de animais para abastecer o mercado doméstico, que, por sua vez, estava enfraquecido em virtude da crise econômica provocada pela pandemia. Há que se ressaltar que este mercado é o grande formador de preço.

O principal motivo que explica a falta de animais foi o ciclo pecuário e a escassez de chuvas nos principais polos produtores do país. As exportações andaram muito bem, com um aumento global de cerca de 12% em volume, especialmente para o mercado chinês.

Macroeconomia 

O ano que vem favorecerá as exportações brasileiras de carne bovina, especialmente pelo aumento da demanda dos países asiáticos. Aumento de renda e mudanças de hábitos de consumo pós-pandemia devem contribuir para este crescimento de demanda. Entretanto, essa grande dependência de apenas dois compradores (China e Hong Kong) é preocupante.

Caso ocorra algum problema de ordem sanitária, econômica ou política, o Brasil sofrerá uma drástica diminuição em suas exportações de carne bovina e a busca pela diversificação de mercados é recomendável. Cabe salientar que a desvalorização do real aumenta a competitividade da carne brasileira.

O dólar comercial acumula alta de 38% em relação ao real em 2020. No mercado interno, o fim do auxílio emergencial impactará a demanda. Espera-se que uma recuperação da economia, empregos e renda possa contrabalançar essa situação.

Oferta de bezerros

Atualmente estamos no ciclo de alta de preços de bezerros. Os preços das categorias de reposição no MT, por exemplo, sofreram reajustes anuais acima de 60%, o que leva à retenção de fêmeas, aumentando a produção de bezerros e, consequentemente, uma maior disponibilidade de ofertas para os recriadores no médio prazo, o que deve aliviar os custos de reposição somente em 2022. O aumento da demanda por estes animais nos primeiros meses de 2021 deve manter os preços elevados.

Custos

O preço do milho deve permanecer em nível elevado e o preço dos animais de reposição também. Pecuaristas podem deixar de confinar ou postergar a entrada dos animais no cocho. Quem produz carne deve ficar atento a uma mudança no mercado mundial de milho em 2021: estima-se que a China comprará 20 milhões de toneladas adicionais, o que aumentaria as exportações brasileiras de milho e encareceria os custos de produção de quem engorda.

Margens

As margens devem continuar apertadas em 2021. Faltarão vacas para abate e abastecimento do mercado interno, e as indústrias buscarão bois, que estarão com a demanda aquecida no mercado externo e com a arroba valorizada. Seguiremos com aumentos nos preços dos insumos, dos animais de reposição e uma menor disponibilidade de animais.

Consumo pós-pandemia 

A proximidade das festividades de final de ano aumenta a busca por proteínas de maior valor agregado, como a carne vermelha. Para 2021, de acordo com a previsão do USDA, o consumo de carne bovina mundial deve se recuperar e alcançar o maior valor histórico, a 59,95 milhões de toneladas em equivalente carcaça.

O Brasil foi um dos países mais afetados pela COVID-19 no consumo doméstico de carne bovina, mas a demanda deve se recuperar em 2021.

Dicas de gestão para o pecuarista

Controle seus custos de produção. Entenda como é a relação do seu custo de produção com a formação de preços na sua região. Entenda o comportamento do ciclo pecuário e estabeleça estratégias de curto, médio e longo prazo. Utilize as ferramentas de gestão de risco de preços e minimize os impactos da volatilidade de mercado. Saiba explorar as oportunidades que o mercado apresenta.

Fonte: Compre Rural

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