Na semana passada, os preços do boi gordo acumularam novas altas entre as principais regiões pecuárias do Brasil. Depois de subir cerca de R$ 35 por arroba nos últimos quinze dias, os preços ficaram superiores aos valores negociados pelo Paraguai e Argentina, mas a carne brasileira não perdeu competitividade no mercado externo, pelo contrário.
A oferta restrita de boiada é reflexo de condições estruturais no setor, relata a IHS. “O nível de abates de fêmeas nos últimos anos resultou em queda na oferta de animais jovens que, por sua vez, acumularam forte valorização reduzindo a reposição dos pastos”, justifica a consultoria, acrescentando que muitos pecuaristas da atividade de cria saíram da atividade em anos anteriores em função das péssimas margens operacionais.
Fechamento da semana
Em São Paulo – referência para outras praças do País –, o valor a prazo do animal terminado saltou de R$ 242/@, na sexta-feira anterior (04/9), para R$ 250/@, nesta sexta-feira (11/9), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil.
Já o Cepea, depois de bater o maior patamar da história do Indicador, fechou a semana com desvalorização e cotado a R$ 245,65, à vista, praça paulista, com uma queda de 1,79%, uma surpresa para todos. O diferencial de base, segundo as informações da Agrobrazil, em relação a praça de São Paulo, o valor se encurtou, já que o preço da arroba se valorização em todo o país. Foi registrado negócios de até R$ 280/@ para praça da Bahia, estado onde o valor da arroba é o mais alto do país.
Giro das praças, segundo Agência Safras
- Em São Paulo, Capital, os preços do mercado à vista ficaram em R$ 250 a arroba, ante R$ 248 registrados na última quinta-feira (10);
-Em Uberaba (MG), os preços subiram de R$ 243 a arroba para R$ 250;
- Em Dourados (MS), os valores ficaram entre R$ 242 a arroba, contra R$ 241,00 na quinta-feira (10);
- Em Goiânia (GO), o valor indicado foi de R$ 240 a arroba, estável;
- Já em Cuiabá (MT), o preço ficou em R$ 224 – R$ 225 a arroba, ante R$ 222.
Preços vão disparar nesta semana
Os registros das exportações são animadores e trazem grande expectativa para o setor, já que a China tem aumentando os volumes negociados e representa cerca de 64% do consumo da carne exportada pelo Brasil. Além disso, nos próximos meses, a demanda da China pela carne bovina brasileira deve se fortalecer ainda mais com a chegada do feriado da Golden Week (período de 1º a 7 de outubro), sazonalmente uma época de maior consumo de carnes pela população local, prevê novo relatório do Rabobank (AgroInfo-set/2020) divulgado na última quinta-feira (10).
No mercado interno, de acordo com previsão do banco de origem holandesa, a prorrogação do auxílio emergencial à parte da população brasileira “permitirá manter os níveis de consumo doméstico da carne bovina, dando também maior sustentação para os preços do animal vivo até o final do ano”. A união dos fatores supracitados – menor oferta de animais para abate, maior demanda externa, sustentação no consumo interno e escala de abate curta – são um verdadeiro “suplemento” para manutenção na onda altista que vem sendo observado no mercado do boi gordo.
Segundo alguns analistas consultados, o preço da arroba deve seguir em patamares elevados durante o curto prazo, com mercado futuro também sinalizando melhores preços para o final do ano. Para os mais otimistas, no curto prazo a arroba deve atingir R$ 260, já que o mercado do Boi China apresenta melhores margens.
Para quem lembra do final de 2019, com preços subindo em uma velocidade altíssima, a perspectiva é de que o movimento se repita no ano de 2020, entretanto o alerta fica para os custos de produção. Vamos para mais uma semana de trabalho e de olho no mercado do boi gordo! Segundo a consultoria, IHS Markit, mesmo com a entrada de alguns lotes de boiada dos confinamentos, a disponibilidade de gado pronto não é suficiente para atender a demanda vigente por abates no País, o que explica a forte pressão altista da arroba, cenário que se estende desde meados de junho.
Fonte: Compre Rural