Na última sexta-feira (27), a operadora da rede elétrica da Austrália emitiu um alerta inusitado: a demanda de energia estava perigosamente baixa. O estado de Victoria, em particular, experimentaria um pico na produção de energia solar, levando os gerentes da rede a questionarem a capacidade de manter o sistema elétrico estável.
Atualmente, uma em cada três residências unifamiliares na Austrália possui painéis solares. Essa autossuficiência em energia solar levou a operadora a prever que a demanda de energia ficaria abaixo do limite necessário para garantir a estabilidade do sistema elétrico.
No estado de Victoria, que é o segundo mais rico do país, a rede deve atender a uma demanda de entre 1.865 e 10.000 megawatts, com uma média de 5.000 megawatts normalmente necessária. Contudo, ao meio-dia de sábado (30 de setembro), a previsão da AEMO (Operadora do Mercado de Eletricidade) era de apenas 1.352 megawatts, marcando um recorde de baixa demanda.
MEDIDAS EMERGENCIAIS
Para lidar com essa situação crítica, a AEMO considerou diversas ações, incluindo a desconexão de painéis solares e a reativação de linhas de alta tensão desativadas. A decisão final foi notificar os proprietários de grandes baterias solares para manter suas unidades vazias, antecipando um excesso de energia solar.
Com uma capacidade combinada superior a 20 GW (gigawatts), a energia solar é uma fonte vital de eletricidade na Austrália. A crescente produção solar reduz a dependência da rede elétrica, especialmente em dias ensolarados e tranquilos de fim de semana. No entanto, as residências com sistemas fotovoltaicos frequentemente injetam eletricidade excedente na rede, desafiando ainda mais sua estabilidade.
DESAFIO CRÍTICO
O armazenamento em grande escala de eletricidade é complicado, pois a produção deve sempre corresponder ao consumo em tempo real. O excesso de oferta pode sobrecarregar a rede, resultando em apagões e danos a dispositivos eletrônicos. Usinas térmicas precisam operar continuamente para estabilizar o sistema.
A intermitência das energias renováveis torna essa questão ainda mais complexa. Para criar uma rede flexível e dominada por energias renováveis, é essencial aumentar a capacidade de armazenamento, especialmente em momentos de baixa demanda.
FUTURO
Embora a previsão da AEMO tenha evitado problemas imediatos, a situação pode se agravar. É provável que a Austrália precise de reformas no mercado de eletricidade ou de uma gestão mais eficiente do excesso de energia solar, semelhante ao que ocorreu na Califórnia.
O limite da rede não está sendo atingido durante os picos de demanda no verão, mas sim em dias ensolarados e amenos. Esta é uma "doce desgraça", pois a Austrália já atende até 70% de suas necessidades energéticas com fontes renováveis.
Com informações do IGN