Liana Paiva
repórter
O Piauí deverá fechar o ano de 2021 como o maior produtor nacional de mel. É o que revela os dados referentes as exportações do produto até novembro, disponibilizados pelo Ministério da Economia.
A produção piauiense fechou o mês passado em pouco mais de 11,8 toneladas, cerca de dois mil quilos acima da produção do Paraná, estado que sempre aparece na liderança no ranking no país. Os paranaenses produziram 10 toneladas de mel até novembro.
Atualmente, a produção piauiense, sozinha, representa um quarto de todo o mel brasileiro que é exportado, ou seja, 26% do total. Esses números são de janeiro a novembro deste ano e representam uma receita líquida para o Estado de pouco mais de US$ 21,7 milhões, ou quase R$ 130 milhões, um crescimento de 114%. Já os números gerais do Brasil apontam para uma produção recorde, já superior a 45,5 toneladas do produto, o que representa uma alta de 6,6%.
“Lembrando que ainda falta fechar dezembro. Ou seja, esses números, tanto do Piauí como o do país, devem crescer”, ressaltou Antonio Leopoldino Dantas Filho, Sitonho como é mais conhecido, presidente da Casa Apis, uma das maiores cooperativas de produtores de mel do país e responsável pela exportação do produto em quase 30 cidades da região do semiárido piauiense. “E essa alta no Piauí vem sendo uma constante. A última vez que o Estado não registrou crescimento foi há quase uma década, em 2012”, observa.
De acordo com Sitonho, apesar das adversidades causadas na economia por conta da pandemia da Covid-19, a apicultura piauiense não deixou de produzir. E o reflexo disso são esses números bastante positivos que colocam o Estado, pela primeira vez, na liderança isolada de produção e exportação de mel orgânico. “Isso foi bom, também, porque valorizou a matéria-prima. Antes, o quilo do mel estava sendo vendido a menso e US$ 3, e este ano já está na faixa de US$ 3,45, uma alta de mais de 60%”, destacou.
E todos esses dados, também foram confirmados pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico que só no primeiro semestre do ano, registrou uma exportação de mel que superou a toda a produção de 2020, totalizando US$ 34,5 milhões, cerca de 7,6% de participação em toda a exportação do Piauí neste ano, ficando atrás apenas da soja. Já de janeiro a novembro, o mel está representando 5,1% de toda a exportação do Estado.
“É o Piauí, finalmente, assumindo um posto que sempre foi seu”, afirmou Tiago Patrício, superintendente Estadual de Desenvolvimento Econômico. Segundo ele, o Estado produzia muito, porém, não tinha onde beneficiar e terminava enviando o mel para outros estados. Assim, os dados reais não ficavam como sendo piauiense. “Há cerca de duas décadas, praticamente, todo o mel produzido em nosso território era levado para outros centros, onde era beneficiado e exportado. Assim, as exportações não contavam”, disse.
Exportação
Entretanto, tudo isso mudou com a formação das cooperativas e com a chegada do Grupo Sama, em Oeiras. A empresa tem 28 anos de atuação e se tornou a maior exportadora de mel do Brasil em 2021. Além de uma linha produtiva diferenciada, a empresa investe em tecnologias que fazem a produção ser mais rápida e eficiente. “Vimos que a empresa atua em várias frentes, não somente aqui no Piauí, como em outros estados e trouxe para cá inovação, tecnologia, além de gerarem empregos”, afirmou Patrício.
O grupo hoje recebe mel de mais de cinco mil produtores e atua no beneficiamento do mel na fábrica do Piauí, além de uma em São Paulo e mais duas no Rio Grande do Sul. Com isso, a capacidade do Grupo Sama é de quatro a cinco vezes maior na produção e exportação do produto.
“Atualmente, somos a maior exportadora de mel orgânico do mundo. Uma empresa genuinamente piauiense. Além do Piauí, temos pontos de coleta em São Paulo e Rio Grande do Sul”, disse Samuel Araújo, proprietário do grupo.
Já a Casa Apis recebe e exporta mel de quase mil produtores de dois territórios de desenvolvimento do Estado, Itaim e Guaribas. Os dois grupos são responsáveis por mais da metade de todo mel produzido no Piauí. Estados Unidos e alguns países europeus são os maiores compradores.
Por conta disso, a cidade destaque neste recorde não foi Picos, já consolidada como uma das maiores exportadoras do produto no estado, mas a primeira capital do Piauí: Oeiras. “ Dessa forma, o Piauí retoma seu protagonismos, mantendo Picos como a eterna capital do mel, o Estado como a terra do mel e, hoje, nos temos Oeiras, como o principal entreposto do mel piauiense”, destacou, lembrando, ainda, que São Raimundo Nonato aparece como a cidade com maior produção isolada.