Na primeira quinzena de outubro, a carne de porco ganhou competitividade em relação à carne bovina e de frango, principais concorrentes. Esse dado foi revelado por um levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vinculado à Universidade de São Paulo (USP) em Piracicaba.
A análise mostra que, enquanto os preços da carne suína apresentaram leves quedas, as cotações da carne bovina e do frango se valorizaram. No atacado da Grande São Paulo, a carcaça especial suína foi vendida a uma média de R$ 12,98 o quilo até o dia 15 de outubro, refletindo uma redução de 0,6% em relação ao mês anterior.
De acordo com o Cepea, essa pressão sobre os preços da carne suína é resultado da menor liquidez interna observada no mercado entre o final de setembro e a primeira semana de outubro.
AUMENTO DOS CUSTOS NA AVICULTURA
Os avicultores paulistas estão enfrentando uma diminuição no poder de compra devido ao aumento dos preços dos insumos, como milho e farelo de soja, que impactam diretamente a avicultura. A relação de troca com o milho permanece desfavorável pelo segundo mês consecutivo, enquanto o poder de compra em relação ao farelo de soja também está em queda, após ter avançado nos meses anteriores.
No mercado de frango, a oferta interna controlada resultou em uma atividade de compra menos intensa, conforme relatado pelos pesquisadores do Cepea.
DESEMPENHO DO BOI GORDO
A escassez de animais prontos para abate elevou os preços da carne bovina em várias regiões monitoradas pelo Cepea. Na primeira quinzena de outubro, o Indicador do Boi Gordo Cepea fechou em R$ 299,25, com um aumento de 9,1%. As negociações em São Paulo variaram entre R$ 291 e R$ 310, já descontado o Funrural.
No atacado da Grande São Paulo, a carcaça casada bovina com osso teve um acréscimo de 11,7% nesse mesmo período.
IMPACTO DAS QUEIMADAS
As queimadas que afetam o Brasil desde agosto, principalmente em áreas agrícolas, estão influenciando indiretamente o aumento de 8,88% no preço da carne bovina em setembro. Segundo Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador do Cepea, essa influência se relaciona à alimentação do gado, que é prejudicada por culturas afetadas pelas queimadas.
Caso a estiagem continue, a expectativa é de que os preços da carne bovina possam subir ainda mais no início do ano. “A seca terá um impacto significativo se as chuvas não ocorrerem no começo do ano”, afirma Carvalho.
Com informações do g1