Devido aos aumentos dos casos de crimes brutais contra a mulher no Piauí e no Brasil, o programa Ronda Nacional, da Rede Meio Norte, apresentado por Silas Freire, estreia o seu novo quadro: “Ronda Mulher, Amar é Respeitar”. O quadro vai ao ar toda quarta-feira, ao vivo e com especialistas, a fim de debater o assunto para que a população possa se conscientizar e diminuir os casos de agressão e feminicídio.
No programa de hoje, 24 de maio, a Delegada Natália Figueiredo, do Núcleo de Feminicídio e a Ana Cleide, que faz parte da Coordenação de Enfrentamento e Combate à Violência contra a Mulher, estiveram no quadro e discutiram o assunto e abordaram o caso do advogado que foi preso em Timon porque descumpriu uma medida protetiva.
“É importante que as mulheres sejam informadas dos seus direitos, de como é que funciona todo um processo a partir do momento que ela deseja romper o ciclo da violência (...) Vivemos numa sociedade estruturada de forma machista, hetero e branca. O sexismo está presente nessa cultura, e essa violência que ocorre é decorrente dessa cultura, onde nós mulheres fomos ensinadas e que ainda hoje a sociedade teima de que nós temos um lugar diferente dos homens, e que eles se sobreponham a nós”, espana Ana Cleide, que faz parte da Coordenação de Enfrentamento e Combate à Violência contra a Mulher.
o advogado M .H S. A, de 42 anos, que foi preso nesta terça-feira (23), por descumprimento de medida protetiva e ainda ameaçar de morte a sua ex-noiva, uma professora de 38 anos, no município de Timon, no Maranhão. O advogado teve um relacionamento com a vítima e após o término não aceitou a separação e começou a persegui-la e ameaçá-la.
O tema abordado foi sobre“Na matéria nós vimos que o advogado é um homem que sabe das informações e que mexe com as leis. Ele tem toda uma simbologia das flores de despedida, de queimar o veículo, de tratar a mulher como um objeto. Então, esse objeto que ele queimou está dizendo que a mesma coisa que ele fez com esse carro, ele pode estar fazendo com ela. Ele está dando todos os sinais de que vai fazer um feminicídio se não tomar as providências imediatas”, explica Ana Cleide.
Questionada sobre as ações judiciais na proteção à mulher, a Delegada Natália Figueiredo explica que por mais que tenha essas medidas protetivas, determinações da Justiça, é necessário um monitoramento.
“É a questão do Poder Público, através do reforço da segurança pública, recentemente recebemos viaturas novas, então esse esforço, preocupação que não deve só vir do Governo do Estado, mas também Federal, no todo. O combate a violência domiciliar exige estrutura”, explica a Delegada Natália Figueiredo.
Ela ainda detalha que não basta dar um aparelhamento, mas que os servidores são muitos necessários, principalmente quando se trata da violência doméstica familiar. A Delegada Natália Figueiredo relata que, segundo a lei, preferencialmente mulheres devem ser atendidas, e que, sejam ouvidas por outras mulheres, pois se sentem mais acolhidas.
Ainda durante o Quadro, a Coordenadora de Enfrentamento e Combate à Violência contra a Mulher, Ana Cleide, ainda trouxe à memória, que durante a pandemia, a política para as mulheres não foi valorizada e que não havia recursos.
“Estamos agora numa reestruturação e buscando esses recursos a nível de governo federal. Antes nem o Ministério da Mulher tínhamos, hoje nós temos, e aqui no Piauí, o governador seguiu o modelo e criou a Secretaria da Mulher. E hoje, temos vários trabalhos, desde da base, que é a educação, temos o programa “Vamos nas Escolas”, que é formação para os professores”, ressalta Ana Cleide.
Segundo ela, os projetos que estão sendo desenvolvidos servem para identificar situações de violência na adolescência e educar os meninos, além de fazer todo esse diálogo dentro da escola que é uma forma de prevenção importante.
“É importante que as mulheres busquem apoio. Muitas vezes a mulher não quer denunciar por conta dessa questão de quando ela chega encontrar um homem, como também da dependência afetiva, ou seja, ela acredita que aquele homem vai mudar e ela não quer romper a violência, porém não vai”, completa a Delegada Natália Figueiredo.
Por fim, as entrevistadas ainda destacaram o papel do Poder Público exercido nesse combate. Os cursos profissionalizantes são o caminho para tirar as mulheres da dependência econômica do agressor. Segundo a Delegada Natália Figueiredo, é necessário ver o papel que o Estado pode exercer no combate a partir do momento que profissionalizam as mulheres, as vítimas.