Um estudo recente divulgado pela Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, concluiu que podemos estar expostos a um produto químico presente em muitos utensílios domésticos e embalagens de alimentos que favorece o desenvolvimento de um câncer de fígado. O tumor de fígado é a terceira principal causa de morte por câncer em todo o mundo. No Brasil, dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimam cerca de 10,7 mil novos casos por ano no triênio 2023-2025.
O produto químico responsável por aumentar o risco dessa condição se chama Sulfonato de perfluorooctano (PFOS), que faz parte de produtos artificiais chamados substâncias per e polifluor alquil (PFAS). Pouco conhecido pelo nome de batismo, ele é utilizado em uma grande variedade de produtos por conta de propriedades como anti aderência, impermeabilidade e resistência a manchas.
Entre alguns exemplos de produtos que levam esse produto, destacam-se panelas antiaderentes e roupas impermeáveis. Em comunicado, Jesse Goodrich, um dos responsáveis pela condução do estudo, revelou mais informações sobre o resultado. “O câncer de fígado é um dos desfechos mais graves na doença hepática e este é o primeiro estudo em humanos a mostrar que os PFAS estão associados a essa doença”, afirmou.
Os pesquisadores descobriram que pessoas mais expostas a esses produtos tinham até 4,5 vezes mais chances de desenvolver o tipo mais comum de câncer de fígado, o carcinoma hepatocelular não viral. Dadas às novidades constatadas pelo experimento, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) cortou o nível aceitável desse químico em produtos domésticos em mais de 99%. Apesar disso, especialistas temem que o dano já tenha sido feito e que muitas pessoas possam enfrentar problemas de saúde significativos no futuro.
Os tipos de câncer de fígado
O câncer de fígado pode ser de dois tipos: primário (que tem origem no próprio órgão, nos hepatócitos ou nos ductos biliares, principalmente) e secundário, que representa 70% dos casos, e se originam em outros órgãos. Entre os tumores primários, destacam-se:
- Carcinoma hepatocelular ou hepatocarcinoma:É o tipo mais comum, responsável por cerca de 90% dos casos. Como opróprio nome descreve, trata-se do tumor que se origina dos hepatócitos, o principal tipo celular funcional do fígado;
- Colangiocarcinoma: Responsável por um em cada 10 tumores malignos hepáticos, surge nos ductos biliares, estruturas em forma de cano responsáveis pelo transporte da bile do fígado para o intestino.
- Carcinoma hepático, variante fibrolamelar: É pouco frequente e não tem associação aparente com cirrose hepática ou infecção pelos vírus da hepatite B e C. Tem prognóstico melhor do que o carcinoma hepatocelular comum.
Diagnóstico
O diagnóstico do câncer de fígado, então, envolve geralmente a realização de uma biópsia hepática ou de algum outro órgão suspeito de disseminação à distância. Mas quando o quadro clínico em associação aos exames de imagem é altamente indicativo de algum tumor e a dosagem de AFP for maior ou igual a 400 ng/ml, o diagnóstico de câncer pode ser estabelecido já sem a necessidade de uma biópsia. Vale ressaltar que o hepatocarcinoma tende a apresentar um curto tempo de evolução e cresce rapidamente.
Tratamento
O câncer de fígado é comumente acompanhado de alterações na função do órgão. Por isso, é importante avaliar a função hepática e o grau de comprometimento antes de definir a melhor estratégia de abordagem. O tipo de tratamento é definido a partir do estágio em que a doença se encontra: O tumor pode ser curável por meios cirúrgicos nas fases em que é único e não invadiu os vasos sanguíneos ao redor do fígado (tumor primário).