A modelo Fernanda Lacerda, 35 anos, deu à luz seu primeiro, no último sábado (28), e um fato inusitado chamou atenção. A ex-panicat comeu um pedaço da sua placenta e gerou questionamentos nas redes sociais sobre os benefícios da prática. A ginecologista obstetra da Clínica Plena Ultrassonografia e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Flavia do Vale, explica que todos os nutrientes adquiridos pelo bebê no útero são retirados da placenta.
"Ela é composta por tecidos fetais e maternos. Do lado fetal, são formadas por células fetais que se organizam em vilosidades coriônicas, que contêm vasos sanguíneos fetais. No lado materno, há tecidos que fornecem suporte e nutrientes para o crescimento e desenvolvimento do feto", explica a médica.
Diante disso, a profissional explica que a placenta é um órgão, e como outros tipos de carne de órgão (fígado de pato, língua de vaca, pão doce), pode ser consumida. "Na verdade, comer placenta é um comportamento comumente encontrado na natureza: muitos animais, como veados e girafas, consomem sua placenta", comenta a médica.
Seguindo seu raciocínio, a ginecologista acrescenta que os humanos são o único tipo de mamífero que não come a placenta após o nascimento. "Para os animais selvagens, era a forma que a mãe tinha de proteger a prole. Os jovens são sempre vulneráveis, e deixar a placenta de fora pode alertar os predadores de que há presas fáceis por perto", revela a especialista.
Há riscos?
No entanto, essa prática de comer a placenta depois do parto pode causar danos à mãe. Segundo a obstetra, a preparação mais comum da placenta é realizada por meio da vaporização e desidratação do órgão ou até mesmo processando-a crua. É possível também que a placenta seja tconsumida cozida ou misturada com extratos e líquidos.
"Essas preparações podem não destruir completamente as bactérias e vírus infecciosos que a placenta pode conter. Se a placenta não tiver sido adequadamente aquecida durante a preparação, há um risco maior de acúmulo de bactérias. Alguns países já possuem programas nacional de treinamento em encapsulamento de placenta", destaca a Flavia.
Consumo de placenta é desaconselhado
Dito isso, é importante deixar claro que os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) desaconselham o consumo de placenta. De acordo com Flavia, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças soltaram um alerta contra o uso de cápsulas de placenta devido a um caso em que um recém-nascido desenvolveu estreptococo do grupo B (estreptococo do grupo B) depois que a mãe tomou pílulas de placenta contendo estreptococos do grupo B e amamentou seu recém-nascido.
A médica ressalta ainda não que não existem evidências científicas sólidas comprovando os benefícios do consumo da placenta. "Alguns defensores da prática alegam que consumir a placenta após o parto pode ajudar na prevenção da depressão pós-parto, aumentar os níveis de energia ou repor nutrientes. No entanto, estudos até o momento não confirmaram esses benefícios, e a ingestão de placenta pode até representar riscos de contaminação por bactérias ou substâncias nocivas", diz a médica.