Todas as pessoas estão suscetíveis a doenças psicogênicas de massa, independentemente do gênero e da idade, segundo a literatura médica. O mais comum, no entanto, é que os casos ocorram em grupos fechados, como alunos de uma escola, membros de uma determinada religião, trabalhadores da mesma empresa ou soldados de um grupamento militar.
Hoje em dia, de acordo com o dr. Pereira, os surtos são mais facilmente propagados por causa das redes sociais. “Com essa popularização das mídias sociais, é comum uma fake news ser compartilhada por várias pessoas e ser vista como verdade, como vimos ao longo da pandemia do novo coronavírus no caso da vacinação.”
No Brasil, um dos casos mais emblemáticos que mescla desinformação na internet e reações coletivas ocorreu no Acre, entre 2014 e 2017. Por causa de falsas informações sobre a vacina contra o HPV (papilomavírus humano), dezenas de jovens relataram sintomas como convulsões e desmaios que estariam associados à imunização. No início deste ano, o psiquiatra José Gallucci Neto, que atendeu vítimas do episódio, disse em entrevista a este Portal que o caso se tratava de uma doença psicogênica de massa, e não havia problema algum com os imunizantes.
Outros países também registraram surtos coletivos ligados à vacinação contra o HPV, como Colômbia, Estados Unidos, Dinamarca e Japão, segundo artigos publicados ao longo dos últimos anos.
As reações em massa, explicou o dr. Pereira, são potencialmente explosivas e as pessoas ao redor são facilmente afetadas. No entanto, falou, se o episódio estiver ocorrendo em um local pequeno, como uma escola, o ideal é tentar manter a tranquilidade e a calma. “Em um lugar menor é importante transmitir serenidade e ficar com a cabeça fria. Afinal, uma pessoa lúcida também tem um efeito contagiante.”