Cientistas do Monterey Bay Aquarium Research Institute (MBARI) na Califórnia (Estados Unidos), detectaram um novo avistamento raro na zona crepuscular do oceano local, semanas após a revelação de imagens da água-viva-fantasma. Agora, o novo protagonista capturado pelas câmeras do ROV Tiburon é o peixe-olhos-de-barril (Macropinna microstoma), um ser com cabeça transparente que habita regiões de escuridão total.
Habitante de profundidade marítima entre 600 e 800 metros, o animal se esconde em zonas com ausência de luz para manter a temperatura do corpo e evitar que sua frágil cabeça seja afetada.
Descoberto em 1939 por W. M. Chapman, o peixe-olhos-de-barril foi fotografado vivo pela primeira vez em 2004, visto apenas nove vezes após mais de 5,6 mil mergulhos bem-sucedidos e mais de 27,6 mil horas de vídeo.O M. microstoma, pertencente à família Opisthoproctidae e único sobrevivente da família Macropinna, podem ser encontrados no Mar de Bering, Japão e Baja Califórnia, pairando quase imóvel nas águas e detectando suas presas — pequenos crustáceos e sifonóforos — pelas silhuetas, devido à pouca iluminação. Indivíduos adultos podem alcançar até 15 centímetros de tamanho em estágios adultos.
Características Estranhas
Através de uma cúpula transparente, preenchida por fluidos, que protege os órgãos da cabeça, é possível observar as lentes dos olhos do animal e diversas outras estruturas por trás dos tecidos. Porém, devido à fragilidade do fluido e à necessidade de se manter sob temperaturas amenas, imagens antigas que comprovam a existência do peixe-olhos-de-barril não mostram sua cabeça, já que ela é destruída pela luz do sol quando a espécie atinge a superfície.
Outro detalhe que chama a atenção é a presença de olhos em formato de barril, capazes de girar em várias direções para detectar comida ou direcionar as rotas de passagem entre a escuridão da zona crepuscular. Até 2009, acreditava-se que os animais conseguiam olhar apenas para cima, mas imagens recentes provaram que os órgãos visuais do M. microstoma têm um alcance significativamente maior e móvel que o previsto.
“Duas pequenas reentrâncias onde os olhos normalmente aparecem em um peixe são, na verdade, os órgãos olfativos do olhos-de-barril, e seus olhos são duas esferas verdes brilhantes atrás do rosto que veem o topo da cabeça. Eles olham para cima para localizar sua presa favorita — geralmente pequenos crustáceos presos nos tentáculos de sifonóforos — das sombras que projetam no fraco brilho da luz do Sol”, esclareceu o MBARI.