Mauro Cid é a caixa-preta dos quatro anos de governo de Bolsonaro. O anúncio de sua colaboração com a Justiça e a suposição de que contará tudo sobre tentativa de golpe de estado, venda ilegal de joias da União e fraude em cartões de vacina torna imperativo o questionamento: o mito vai ser preso? Quando?
A primeira reação de Bolsonaro foi estúrdia. Em vez do histrionismo de sempre, se dirigiu ao culto com Michelle. Houve mudança também dela na forma de encarar as acusações. O que antes era desdém com a proposta de criação da loja ‘mijoias’, agora é lamento. Nas palavras dela: “Nosso Deus avisou que as perseguições aos cristãos viriam”.
Fosse Bolsonaro um qualquer, como eu e você, o caminho da prisão estaria pavimentado. Mas estamos falando de um ex-presidente dono de um quinhão com 25% da população brasileira. Grupo formado por fiéis adoradores prontos a humilhar os fatos. O mais provável é que estes recebam as confissões e acusações de Cid como narrativa fantasiosa de um comunista que foi infiltrado no governo do capitão.
O estilo de condução da Polícia Federal nessa investigação, com supervisão do Supremo Tribunal Federal, deixa claro que tudo será feito com cautela extrema. A decretação de prisão de Bolsonaro, se houver, só ocorrerá na esteira de um arcabouço probatório robusto e irrefutável e em decisão do pleno do STF. E mais, só se concretizará após trânsito em julgado.