As falas proferidas pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) em um podcast tem causado indignação e repúdio entre a comunidade judaica e organizações que lutam pela preservação da memória do Holocausto. O Instituto Brasil-Israel (IBI) emitiu uma nota de repúdio em relação às declarações do deputado, que defendeu a liberdade para que sejam feitas piadas nazistas e até mesmo chegou a admitir a existência de um partido sobre essa corrente criminosa.
"A liberdade de expressão é uma discussão muito mais profunda do que as pessoas acreditam. Você tem um autor que relata que existem judeus que não são contrários a uma tese que foi feita por um estudioso que colocou o holocausto como se fosse mentiroso. Se for parar para pensar, o holocausto aconteceu, nós vamos deixar gente falar que o holocausto não aconteceu e ficar influenciando pessoas? A própria comunidade judaica deu a liberdade para esse cara falar isso, porque? Segundo ele, a liberdade de expressão é plena em uma sociedade que se autorregula, não é censurando as coisas, deixando que as coisas aconteçam e que as pessoas consigam analisar que aquilo é um absurdo", sinalizou.
Para o IBI, é preocupante que a imprensa e até mesmo o parlamento brasileiro estejam dando espaço para discursos negacionistas que ferem a história e a memória de milhões de vítimas do Holocausto. De acordo com o grupo, o deputado bolsonarista utilizou a falsa bandeira da democracia para disseminar ideias que vão contra a verdade histórica e buscam minimizar as graves consequências do nazismo.
O IBI pontua que ao mencionar um judeu que supostamente aceitaria a abertura de um partido nazista no Brasil, o deputado tenta justificar suas ideias negacionistas, usando uma suposta aprovação imaginária para calar o sofrimento de milhões de judeus reais que foram vítimas do regime nazista.
O Instituto Brasil-Israel destaca que dar espaço ao negacionismo, antissemitismo e qualquer tipo de preconceito tem efeitos nefastos para a sociedade como um todo. A liberdade de expressão não pode ser confundida com a propagação de mentiras e discursos que desrespeitam as vítimas do Holocausto e a luta pela preservação de sua memória.
Neste contexto, o grupo defende que é fundamental que a sociedade esteja atenta e comprometida com o combate a ideias negacionistas e opressoras, garantindo a preservação da verdade histórica e o respeito à memória das vítimas do Holocausto. Segundo o IBI, é dever de todos assegurar que tais acontecimentos trágicos não sejam esquecidos e que a história seja transmitida de forma íntegra para as futuras gerações. O Holocausto foi um dos períodos mais sombrios da história da humanidade, e é fundamental que nunca sejam permitidos discursos que desvirtuem ou minimizem sua gravidade.
"A história expõe que se trata de falácias. Dar solo para o crescimento do negacionismo, do antissemitismo e de qualquer tipo de opressão ou preconceito traz consequências nefastas para a sociedade. Mentira não é liberdade de expressão".
O IBI conclui sua nota reafirmando o repúdio veemente às declarações do deputado Nikolas Ferreira, que desrespeitam as vítimas, sobreviventes e todos os que se dedicam a preservar a memória dos horrores provocados pelo nazismo. É importante que a sociedade repudie atitudes negacionistas e se una em defesa da verdade histórica e da memória daqueles que sofreram com a barbárie nazista.