“Nunca se mente tanto como antes das eleições, durante uma guerra e depois de uma caçada.”
Otto von Bismarck
O que Otto von Bismarck(1815-1898)- conhecido como o chanceler de ferro, homem público que figura até hoje como o mais importante estadista da Alemanha do século XIX-, disse por volta dos anos 1870 , permanece rigorosamente verdadeiro. Nunca se mente tanto quanto nas guerras.
Ele, que levou os países germânicos a conhecer pela primeira vez na história a existência de um estado nacional único, era um notável pacificador e empreendeu enorme esforço para unificar a Alemanha, sabia muito bem do que falava, enfrentando falácias, mentiras, pregações hostis, muitas vezes disparadas pela própria Igreja Católica. Ele preferia o uso da política como poder de moderação e a luta pela cultura sem mistificações.
PRINCIPAL ARMA
Pois é. Mais de 150 anos depois, a mentira, afora os mísseis, tanques e bombas, permanece sendo a principal arma na fabricação e na manutenção de guerras mundo afora. É o que temos visto em abundância e ascensão nesse desastroso conflito armado entre Israel e a Palestina, que a humanidade está acompanhando com apreensão e medo.
Não é sem razão que termos como “guerra de mentira”, “guerra de araque” ou “guerra falsa” são designados para qualificar o período preparatória da Segunda Guerra Mundial, tal a profusão de expressões devidamente construídas para justificar as diversas fases de declaração de guerra da França e Reino Unido à Alemanha e, lá na frente, a invasão que alemãs fizeram na França, Bélgica e Países Baixos. Enquanto se preparavam para o uso indiscriminado de armas, as mentiras surgiam como reais elementos de guerras, visando confundir e amedrontar, criar narrativas diferentes da realidade.
CONFLITO HISTÓRICO
No momento atual, essa guerra Israel/Palestina é um conflito histórico, uma luta entre colonizador e colonizado, em que os interesses verdadeiros são disputa por territórios e luta por poder religioso. Sempre foi isso.
Isso se agravou a partir de 1948, quando uma parte dos que brigam por esses territórios, no caso os judeus, foram contemplados com o direito de fundar um Estado próprio, único, Israel. E virando Estado independente, passou a sufocar os palestinos, empurrando-os para a parede, com reiterado esforço para que não alcancem igualmente a condição de Nação independente.
Assim, a Palestina permanece colonizada, pois a descolonização implicaria em dar voz e liberdade a esse povo. O cerco que agora Israel faz crescer sobre a Faixa de Gaza não é novidade. Os palestinos vivem eternamente sufocados pelo governo israelenses. Neste momento, diante da ocupação que governantes israelenses fazem da mídia mundial, o povo palestino, que legitimamente luta opor seus direitos territoriais, é confundido com os terroristas do Hamas, jogado no mesmo saco.
O fato de que o ataque a Israel- uma atitude verdadeiramente covarde-tenha partido do grupo terrorista Hamas, não justifica sob qualquer justificativa ou intenção, a eliminação das populações palestinas residentes na Faixa de Gaza, uma atitude alucinada defendida pelo primeiro ministro Benjamim Netanyahu, e de algum modo estimulada por outros líderes mundiais.
É bastante lógico o empenho de derrotar o terrorismo, tirar de campo os extremistas do Hamas. Mas, daí, a querer uma ação de guerra que atinja todos os ocupantes da Faixa de Gaza, seria o mesmo que, a pretexto de eliminar as milícias e o crime organizado do Rio de Janeiro, se pretendesse bombardear a Velha Capital, exterminando toda sua população inocente.
As manifestações que tomam conta das grandes cidades do mundo, em defesa do povo palestino, trazem-nos à compreensão de que Benjamim Netanyahu está errado. Suas intenções estão bastante próximas da fúria satânica do nazismo que levou milhares e milhares de judeus aos campos de concentração, exterminando-os pelo simples fato de que eram judeus. Ele precisa ser impedido de transformar a Faixa de Gaza num grande campo de extermínio humano, reeditando sem cerimônia o que Hitler fez com os judeus durante o holocausto.