A 28ª edição da Conferência das Partes, mais conhecida como COP, evento promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), sobre mudanças climáticas, a se iniciar nesta quinta-feira, 30, estendendo-se até 12 de dezembro, nos Emirados Árabes, vem carregada de muita importância e, portanto, desse encontro de líderes mundiais aguardam-se posições relevantes a serem adotadas a partir de agora.
Ninguém de bom senso poderá discordar de que o planeta Terra está derretendo com as elevações inacreditáveis das temperaturas, causadoras de desastres naturais espantosos, que têm gerado morte e destruição nas suas mais variadas formas de manifestações, de inundações a queimadas, de ciclones a terremotos, numa escalada nunca antes vista pela humanidade. É rara alguma parte do planeta que não venha sofrendo os impactos negativos do desequilíbrio climático, o que impõe uma ação enérgica, imediata, vigorosa, de parte das grandes economias mundiais e de todos os governantes.
Os eventos registrados durantes os últimos anos, especialmente de 2020 para cá, reforçam a urgência de os países corrigirem o rumo na luta contra os desequilíbrios climáticos. E esta conferência da ONU tornou-se, portanto, o ambiente adequado para tal posição. Nesse aspecto, ganha notável importância o lançamento oficial do primeiro balanço global do Acordo de Paris, desde sua assinatura em 12 de dezembro de 2015, há oito anos, portanto, sem que até o momento tenha produzido os compromissos assumidos naquele momento.
Pelo Acordo de Paris, que a União Europeia e outros 193 países assinaram (inclusive o Brasil), entre os principais compromissos que seriam seguidos, estava o que estabelecia a transferência de tecnologia e financiamento de US$ 100 bilhões anuais entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, para a manutenção das ações sobre mudanças climáticas.
Dentre essas ações, obrigavam-se a manter o aumento da temperatura global abaixo de 2ºC em relação à média pré-industrial nos anos seguintes a partir de 2016, quando o acordo passou a vigorar. Os países desenvolvidos, sobretudo os europeus e Estados Unidos, nunca cumpriram o dever de repassar esses US$ 100 bilhões anuais aos países subdesenvolvidos.
Literalmente, brincaram com fogo, e hoje estão expostos às chamas e às cinzas de uma elevação descomunal das temperaturas, que tem feito estragos enormes por onde seus consequentes eventos vão se espalhando, inclusive em territórios europeus e norte-americanos, a exemplo de tempestades, queimadas e inundações que têm sofrido com bastante frequência.
Vem daí a reação explícita do Brasil, que vai a essa Cúpula nos Emirados Árabes disposto a não abrir mão dos recursos financeiros necessários essenciais para que países pobres e em desenvolvimento possam desenvolver programas permanentes capazes de restabelecer a natureza destruída e adotar as medidas imprescindíveis a evitar novas catástrofes.
O Presidente Lula, antes de embarcar para os Emirados Árabes, foi bastante claro sobre sua posição. Vai assumir perante o mundo o compromisso de colocar o Brasil no caminho do desmatamento Zero até 2030, mas vai exigir que os países em ricos, quase todos responsáveis pela destruição, abram seus cofres e liberem, como prometido noAcordo de Paris -por todos assinados-, os US$ 100 bilhões que todos se comprometeram liberar.
Valores, aliás, conforme o próprio Presidente Lula, que já não serão suficientes para reparar os danos promovidos durante esses anos todos em que o dinheiro permaneceu nos cofres dos países ricos. O atraso no pagamento impediu as ações e aumentou o prejuízo, causando ainda mais desgraças. É hora de pagar essa conta.