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Parecia simples: o coronavírus invade o organismo através das células da superfície dos olhos, do nariz ou da boca. Com o passar do tempo, ele ganha terreno e vai parar nas vias aéreas superiores (que se estendem até a região da garganta), onde dão os sintomas clássicos de tosse seca, febre e cansaço.
Nos casos mais graves, os pulmões são tomados (o que ocasiona a falta de ar), e isso exige tratamentos mais intensivos e há risco de morte.
A prática, porém, revelou que essa trajetória viral é muito mais complexa do que o esperado.
"Em alguns pacientes, começamos a encontrar o coronavírus em outras partes do corpo. Detectamos, por exemplo, o agente infeccioso nas fezes de algumas pessoas, que tinham a diarreia como único sintoma", relata Granato.
"Percebemos então que não estávamos lidando com uma doença pulmonar, mas, sim, com uma enfermidade do endotélio, que é uma camada de células que reveste o interior de nossos vasos sanguíneos", continua o infectologista.
"Com isso, apesar do foco maior nos pulmões, passamos a entender que covid-19 também poderia acometer os intestinos, o coração, o sistema circulatório, os rins, o cérebro...", completa.