Ainda não foi revelado o milagre que a Diocese do Crato vai argumentar na defesa da beatificação, mas uma possibilidade é a transformação da hóstia da fiel Maria de Araújo. Segundo os relatos, Padre Cícero teria administrado diversas hóstias à Beata, que teriam se transformado em sangue na boca da própria religiosa.
Cícero julgou ser o próprio sangue de Jesus Cristo aquele que teria surgido. O estranho fenômeno teria acontecido 47 vezes durante a quaresma — período religioso que precede o feriado da Páscoa, com a mesma pessoa.
A situação inusitada chamou a atenção de fiéis e céticos por todo o Brasil, tornando Juazeiro em um importante ponto de peregrinação de católicos no Nordeste do país. Muitas autoridades eclesiásticas questionavam a veracidade dos fatos e isso levou o bispo do Ceará na época, Dom Joaquim José Vieira, a organizar uma equipe de técnicos para conferir se os relatos eram verdadeiros. Além de padres foram chamados dois médicos e um farmacêutico, todos chegaram na mesma conclusão: não tinha nenhuma explicação natural para aquilo que tinha acontecido.
Reviravolta
Insatisfeito, Dom Joaquim articulou uma segunda comissão que estaria já com a intenção de desmistificar o ocorrido em Juazeiro do Norte. Convictos de que era uma mentira, o parecer não poderia ser diferente e o caso foi classificado como uma armação forjada. A suposta farsa acarretou na suspensão das ordens sacerdotais de Cícero, além de levar Maria de Araújo para uma vida de exílio.
Em 2001 o papa Bento XVI, ainda enquanto cardeal, promoveu novos estudos sobre o caso buscando a reabilitação póstuma para o brasileiro. Catorze anos depois, Padre Cícero foi perdoado pela Igreja e até hoje é um dos maiores nomes da fé católica no Brasil.