Aos 73 anos, Gotsch exibe uma disposição impressionante. Às 5h, ele sai da casa onde mora com a mulher, Cimara Goulart, e as duas filhas adolescentes, Ilona e Genevieve, para vistoriar a secagem do cacau e da banana nas estufas que construiu.
Depois vai manejar a agrofloresta: cantando ópera em alemão, sobe em árvores altas para colher frutos, poda galhos e golpeia o capim com um facão. A rotina se repete há quatro décadas, mas ele diz não enjoar. Delicia-se ao avistar famílias de macacos que moram na fazenda e observa com atenção como cada espécie interfere no ambiente.
"Sempre que vejo aqui um bicho ou planta pela primeira vez, eu pergunto: 'o que você faz de bom?'", diz. Tirar proveito das relações entre as espécies é outro pilar do modelo do suíço.
Afinal, diz Götsch, cada bioma desenvolveu ao longo de bilhões de anos interações para que a vida ali tivesse o máximo êxito. Nada mais natural, portanto, que a agricultura pegasse carona nesses arranjos.