Além do episódio de Vini Jr, relembre casos de racismo no futebol espanhol

Em 2004, o atacante camaronês Samuel Eto'o, jogador do Barcelona, foi alvo de ofensas racistas por parte da torcida do Getafe.

Daniel Alves também sofreu preconceito quando jogaram uma banana no campo durante jogo | Reprodução
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Os insultos racistas direcionados ao atacante brasileiro Vinícius Júnior, do Real Madrid, por parte de torcedores do Valencia no domingo, trouxeram à tona lembranças de outros momentos de preconceito no futebol espanhol. Ao longo dos últimos 40 anos, diversos jogadores, incluindo Ronaldo Fenômeno, Daniel Alves e Samuel Eto'o, também foram alvos de casos similares de discriminação.

Thomas Nkono e os insultos no Camp Nou: uma história de resistência contra o racismo

Quando Thomas Nkono, uma lenda do futebol camaronês, chegou ao Espanyol em 1982, ele era praticamente desconhecido. No entanto, durante uma partida contra o Barcelona, no Camp Nou, Nkono se tornou vítima de gritos racistas e bananas sendo atiradas em direção ao gramado.

"O mais curioso é que uma parte do estádio me chamava de tudo, enquanto outra parte vaiava para que eles parassem. Sempre encarei isso como um desafio", disse Nkono ao jornal El Confidencial, mostrando sua resiliência diante da adversidade.

Hiddink e a bandeira nazista: confrontando o ódio

Em 1992, durante o aquecimento da partida entre Valencia e Albacete, o técnico valencianista Guus Hiddink se deparou com uma bandeira nazista na arquibancada ocupada pelos torcedores do Albacete.

Indignado com a presença da suástica, o treinador holandês pediu a um funcionário do clube que removesse a bandeira, ameaçando não iniciar a partida enquanto o símbolo odioso estivesse visível.

"Quando vejo esse tipo de coisa, não posso ficar calado", declarou Hiddink, mostrando sua postura firme contra a disseminação do ódio.

Essas histórias destacam a coragem e a determinação de indivíduos como Nkono e Hiddink, que enfrentaram o racismo e a intolerância no futebol, promovendo a luta pela igualdade e respeito dentro e fora dos gramados.

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Kameni e os gritos de macaco: enfrentando o racismo no futebol

Carlos Kameni, compatriota e sucessor de Thomas Nkono no Espanyol, também foi alvo de gritos de "macaco" por parte da torcida do Zaragoza em 2004.

"Foi o meu pior momento", afirmou o goleiro em 2017. "Estávamos vencendo por 1 a 0 e fui ofendido de todas as maneiras. Até mesmo o árbitro perguntou se eu estava bem para continuar. Eu não sabia onde estava, mas encontrei forças para continuar jogando."

Infelizmente, esse incidente não foi um caso isolado. Cinco meses depois, Kameni foi alvo de bananas sendo atiradas no estádio do Atlético de Madrid. "Quando alguém passa por algo assim, pode voltar para casa e até mesmo considerar o suicídio. Ninguém pode imaginar o que eu vivi", desabafou Kameni em 2020.

Ronaldo e a garrafa de água: reação contra o racismo

Em março de 2005, o atacante brasileiro Ronaldo Nazário, do Real Madrid, jogou uma garrafa de água em direção aos torcedores do Málaga após ser vítima de insultos racistas.

Alguns dias antes, no mesmo estádio do Málaga, o atacante Paulo César Wanchope, da Costa Rica, agrediu um torcedor do próprio clube por imitar sons de macaco.

Esses episódios destacam a triste realidade do racismo no futebol e o impacto emocional que pode ter sobre os jogadores. Kameni, Ronaldo e outros enfrentaram tais adversidades, evidenciando a necessidade contínua de combater o racismo e promover um ambiente de igualdade e respeito no esporte.

Samuel Eto'o: "Não jogo mais" - Enfrentando o racismo no futebol

Em 2004, o atacante camaronês Samuel Eto'o, jogador do Barcelona, foi alvo de ofensas racistas por parte da torcida do Getafe. Em resposta aos gritos que imitavam macacos, Eto'o chutou uma bola em direção à torcida. Duas semanas depois, contra o Albacete, ele novamente sofreu racismo. Em 2005, após marcar um gol, Eto'o comemorou imitando um macaco.

Em 2006, durante uma partida em Zaragoza, Eto'o foi alvo de novos insultos racistas e decidiu abandonar o gramado. "Não jogo mais", declarou ao árbitro, que tentou convencê-lo a continuar. Após intervenções de várias pessoas, Eto'o mudou de ideia e completou o jogo. O Zaragoza foi multado em 9.000 euros pela Federação Espanhola na época.

Daniel Alves e a banana - Resposta corajosa ao racismo

Em abril de 2014, o lateral brasileiro Daniel Alves também foi vítima de um incidente racista durante uma partida entre Barcelona e Villarreal. Pouco antes de bater um escanteio, um torcedor jogou uma banana em sua direção. Em um ato de coragem e protesto, Alves descascou a banana e deu uma mordida antes de continuar jogando.

O Villarreal foi multado em 12.000 euros e uma parte da arquibancada foi fechada por uma partida como punição, de acordo com a cotação da época.

Esses casos envolvendo Samuel Eto'o e Daniel Alves mostram a luta constante que os jogadores enfrentam contra o racismo no futebol. Suas respostas corajosas e determinadas destacam a importância de combater o preconceito e promover um ambiente inclusivo e igualitário no esporte.

"Somos todos Williams" - Unindo contra o racismo no futebol

No ano de 2020, o atacante Iñaki Williams, do Athletic de Bilbao, foi alvo de gritos de macaco quando estava sendo substituído durante uma partida contra o Espanyol. Essa não foi a primeira vez que o jogador basco enfrentou insultos racistas, pois em 2016 ele também foi vítima de incidentes similares em Gijón, o que levou o árbitro a interromper a partida por alguns minutos.

A condenação aos atos racistas veio do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que manifestou sua repulsa. O jornal esportivo Marca, o mais vendido na Espanha, estampou em sua primeira página a mensagem: "Basta de racismo. Somos todos Williams". Dois torcedores do Espanyol foram alvo de investigação pela justiça.

Infelizmente, a lista de jogadores que sofreram incidentes de racismo é extensa e inclui nomes como o irmão de Iñaki, Nico Williams, além de Mouctar Diakhaby, Frédéric Kanouté, Yaya Touré, Jefferson Lerma, entre outros.

Esses casos lamentáveis mostram a persistência do racismo no futebol e ressaltam a importância de unir forças contra essa forma de discriminação. A solidariedade expressa com a frase "Somos todos Williams" destaca a necessidade de combater o preconceito racial e promover um ambiente inclusivo e respeitoso dentro e fora dos campos.

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