A série "Senna", produzida pela Netflix, tem gerado polêmica desde antes de sua estreia, principalmente por omitir a participação de Adriane Galisteu, que desempenhou um papel importante na vida do piloto. Além disso, alguns trechos da produção causaram desconforto ao retratar situações que envolvem Xuxa Meneghel, colocando-a em cenas que remetem à vida de Ayrton Senna ao lado da apresentadora e sua namorada em 1994, ano do trágico acidente fatal de Senna durante o GP de San Marino no circuito de Ímola.
Em 1994, Senna se preparava para sua estreia pela Williams após conquistar três títulos mundiais pela McLaren (1988, 1990 e 1991). No entanto, o brasileiro não conseguiu completar as duas corridas anteriores, embora tenha largado na pole position. A série também revela detalhes importantes sobre o último contrato de Senna com a escuderia inglesa, que, em 1993, levou a mudanças significativas na carreira do piloto e também na gestão de sua imagem.
NOvas revelações
Em entrevista ao podcast "Motosport Brasil", Betise, assessora de imprensa de Senna em 1994, fez uma revelação surpreendente sobre os direitos de imagem do piloto. Ela contou que, ao contrário de outros pilotos, todos os direitos de imagem de Senna eram exclusivamente dele. "Não sei se posso falar... Acho impressionante que ninguém notou. Por exemplo, todos os direitos de imagem do Ayrton são do Ayrton. A McLaren não tem nenhum direito a nada com o uniforme da McLaren", afirmou Betise.
Segundo a jornalista, Senna foi pioneiro ao garantir que sua imagem fosse totalmente controlada por ele. "Nenhum piloto tem isso. Era essa a briga de corrida por corrida. E não é pertinente só a McLaren. Todo carrinho do Ayrton Senna em qualquer jogo eletrônico, botou o capacetinho dele, ele ganha royalties", explicou. Senna, que ficou conhecido como o "Rei de Mônaco", disputou 162 corridas e venceu 41 delas, sendo sua última vitória na Austrália, em 1993.
Betise também relembrou como Senna reagia quando soube que empresas estavam ganhando dinheiro com sua imagem sem repassar nada a ele. "Ele ficava bravo com isso. Lembro em dezembro de 1992. 'Olha só esse joguinho da Sega, sabe quanto rendeu?', ele falava, e o número era alto. 'Tá lá o meu capacete, tá tudo e eu não ganho um tostão'", contou a assessora. "Era uma questão de 'eles estão ganhando dinheiro com a minha imagem'", resumiu Betise.
A jornalista destacou ainda que, quando Senna se transferiu para a Williams, ele abriu mão de todos os direitos de imagem que antes tinha exclusividade sobre. "É enorme, uma unanimidade a mudança dele", afirmou, lembrando que, embora tenha sido uma decisão significativa para sua carreira, Senna ficou com uma grande frustração em relação à sua imagem. Ela também mencionou que não teve acesso ao contrato entre Senna e McLaren e que o brasileiro teve algumas desavenças com Ron Dennis, o diretor da escuderia.