Antenas KU nas residências já representam mais da metade de usuários de TV paga

Dentre os usuários que recebem os canais abertos na banda Ku, 62% adquiriram kits de instalação no varejo, ou seja, pagaram pelo serviço.

Reprodução | Ana Eliza Faria, da Globo, durante o Congresso Latinoamericano de Satélites 2023
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A migração dos usuários de TV aberta em banda C (TVRO) para a banda Ku já resultou em 2,9 milhões de usuários recebendo os canais abertos em banda Ku, de acordo com informações compartilhadas durante o Congresso Latinoamericano de Satélites por Ana Eliza Faria, gerente sênior regulatória da Globo. Esses dados foram obtidos por meio do sistema SatHD, padrão das emissoras para TV aberta via satélite, em conjunto com informações da Siga Antenado, a empresa responsável pela distribuição dos kits de recepção aos usuários do Cadastro Único.

Esse número representa mais de 50% dos assinantes de TV por assinatura registrados pela Anatel, que totalizam 5,5 milhões de acordo com dados de agosto. É importante ressaltar que a migração para a banda Ku teve início em julho de 2022, embora o DTH (Direct-to-Home) exista no Brasil desde a década de 1990.

Dentre os usuários que recebem os canais abertos na banda Ku, 62% adquiriram kits de instalação no varejo, ou seja, pagaram pelo serviço. Os demais migraram para a banda Ku graças a políticas públicas estabelecidas no leilão do 5G, que ofereceu kits gratuitos de recepção para os beneficiários do Cadastro Único com o objetivo de evitar possíveis interferências nos sinais de TV por parabólicas em banda C.

Ana Eliza Faria observa que o crescimento da TVRO em banda Ku parece coincidir com a redução na base de assinantes de TV paga via satélite, mas ela não vê uma relação direta de causa e efeito. Ela sugere que essa migração ocorra porque os usuários que estavam recorrendo à pirataria possam estar optando por essa alternativa gratuita. O Satélite StarOne D2, que transmite os canais abertos em banda Ku, oferece mais de 100 canais, embora muitos deles sejam de afiliadas de uma mesma emissora. A quantidade de canais diferentes gratuitos é de cerca de 60, tornando-se uma alternativa prática para muitos assinantes de TV paga.

Luiz Otávio Marchezetti, responsável pela área de transformação e atendimento ao cliente da VRIO/Sky, destaca que o crescimento da TVRO em banda Ku indica uma demanda por um serviço de TV acessível, possivelmente atraindo usuários que antes consumiam conteúdo pirata. O grupo VRIO, através da Galaxy, oferece um produto de distribuição de canais de TV aberta pelo mesmo satélite usado pela Sky, com a intenção de converter os usuários de TVRO em clientes de TV por assinatura no futuro.

Dos usuários que recebem atualmente os mais de 60 canais abertos na banda Ku, 49% estão localizados no Nordeste, 21% no Sudeste, 15% no Norte, 12% no Centro-Oeste e 4% no Sul do Brasil.

No entanto, há uma preocupação compartilhada entre emissoras de TV e operadoras de TV paga sobre a falta de regulamentação para a distribuição de canais abertos em banda Ku. Para as emissoras de TV, isso pode resultar na proliferação de canais competindo por verbas publicitárias e fragmentando a audiência. Já para as operadoras de TV paga, a migração de canais tradicionalmente pagos para a opção gratuita via satélite pode desvalorizar a TV por assinatura. Embora o Ministério das Comunicações tenha prometido regulamentação, ainda não há indícios de quando essas regras serão apresentadas para consulta pública.

Durante o debate, também foi discutido o futuro do mercado de TV por assinatura via satélite (DTH), que utiliza a banda Ku dos satélites. Luiz Otávio Marchezetti acredita que esse produto se tornará uma escolha para usuários mais exigentes que buscam qualidade e robustez de sinal, bem como para áreas que não possuem acesso à banda larga. Nas regiões servidas por fibra, a Sky prevê que a oferta de serviços OTT (Over-the-Top) seja o caminho a seguir.

Outro tópico abordado no debate foi a distribuição de canais para operadoras de TV paga e banda larga, que é um segmento importante para as empresas de satélite. Segundo José Chaves Felippe de Oliveira, engenheiro de broadcast da Stenna, o satélite ainda é uma opção mais vantajosa em termos de custo em comparação com a distribuição por nuvem e fibra. No entanto, ele observa que a entrega do sinal já precisa ser considerada para a distribuição via streaming pelo ISP (provedor de serviços de Internet), onde o provedor recebe o sinal via satélite e o distribui em seu sistema de IPTV.

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