A produção de carne de peru deve crescer no Brasil. Agroindústrias estão investindo em cortes e apostando em receitas diferentes para atrair o público. Mas, para ter sucesso em um plano, é preciso primeiro analisar as condições atuais. Nesse caso, o Brasil tem um histórico de quedas bruscas na produção. Em dez anos, caiu mais da metade.
Histórico
A produção de carne de peru vinha aumentando até 2012, quando alcançou o maior volume da história: 442 mil toneladas. Depois disso, foi diminuindo. Mas, mesmo assim, seguiu acima das 300 mil toneladas até 2017. Já no ano seguinte, em 2018, a produção caiu pela metade. Foram 181 mil toneladas produzidas. Finalmente, no ano passado, chegou a 159 mil toneladas.
Atualmente, 74% da produção é destinada ao mercado interno e 26% às exportações. Os cortes foram campeões de exportação, seguidos pelos produtos industrializados e pela ave inteira. Foram quase 42 mil toneladas de carne exportada, o que representa uma receita de 75 milhões de dólares. O continente que mais importa carne de peru do Brasil é a África, respondendo por quase metade das exportações brasileiras.
Retomada
De acordo com Fernando Felicetti, gerente agropecuário de perus, o Brasil teve uma queda de produção devido ao fechamento de plantas em unidades em Santa Catarina e Minas Gerais. Agora, algumas estão reabrindo e retomando a produção. “A Seara, por exemplo, voltou a produzir o festivo, a ave natalina comercializada no final do ano. Em abril, foram 9 mil aves abatidas diariamente entre segunda e sexta-feira”, diz.
Felicetti destaca que a demanda por carne de peru vem aumentando no Brasil. Além do festivo, os brasileiro estão consumindo mais cortes, como coxa e sobrecoxa, e embutidos, como o presunto de peru. O mercado interno tem espaço para crescer. “O peru é uma carne saudável, e cada vez mais o brasileiro se preocupa com sua saúde”, diz.
Já em relação à demanda externa, a Europa paga melhor em produto agregado e leva o produto mais nobre: o peito. México e Canadá também vêm solicitando carne de peru brasileira, além do Chile, que perdeu parte da produção por conta de problemas sanitários e deve passar a demandar a carne.
Tenho interesse! Como começar a produzir?
O primeiro passo é entrar em contato com o expansionista de uma integradora. A área de terra será visitada e será solicitada uma licença ambiental. “Aí vêm questões estruturais, como energia elétrica, água e a possibilidade de perfurar um poço. Depois, faremos a orçamentação. Um padrão construtivo nos ajuda nos alojamentos, nas incubações e nas projeções de abates futuros. Os produtores também podem se organizar melhor. Escolhemos os fornecedores para investirem e a instituição bancária que vai conduzir seu financiamento”, explica Felicetti.
Perus são curiosos. Construir a granja próxima a uma estação de trem barulhenta, por exemplo, pode agitar os animais, provocando movimentações bruscas, aglomerações e resultando em mortalidade. Invista em bem-estar e forneça boa temperatura e ambiência dentro dos galpões.
Os produtores não podem ter outros animais na mesma propriedade, principalmente suínos e frangos “Perus são sensíveis em relação à biosseguridade. É preciso fazer uma única escolha para não prejudicar a integradora e nem os integrados. Mas atividades como reflorestamento e fruticultura estão liberadas”, explica Felicetti.
O investimento em perus e frangos não difere muito. O galpão é praticamente igual, só muda o tamanho. “O peru é maior, mas não demanda tanta área. Por pesar mais, o produtor não precisa de um número tão grande de aves. Um modal de perus acomoda 24 mil animais. Já um de frangos, 110 mil no mínimo”, esclarece Felicetti.