Uma análise de satélite revelou que o avião da Voepass que caiu em Vinhedo na última sexta-feira (9) voou por oito a dez minutos sob condições de gelo severo, o que, segundo o manual da fabricante do ATR 72-500, configura uma situação de emergência que pode levar à perda de sustentação da aeronave.
gelo acumulado
O gelo acumulado nas superfícies de voo, como asas e estabilizadores, pode não ser removido pelo sistema antigelo, comprometendo a performance e a controlabilidade do avião.
baixas temperaturas
De acordo com uma reconstituição feita pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), da Universidade Federal de Alagoas, o avião enfrentou uma zona meteorológica crítica por quase 10 minutos, atravessando nuvens com temperaturas abaixo de -40 °C.
Humberto Barbosa, coordenador do Lapis, afirmou que a rota do voo envolvia condições extremas, influenciadas por um ciclone extratropical e fumaça de queimadas, que contribuíram para a formação de gelo.
A análise do Lapis estimou que o avião permaneceu na zona mais crítica entre 13h10 e 13h19, com a perda de contato radar ocorrendo às 13h22. O impacto dos ventos e o acúmulo de gelo colocaram a aeronave em uma situação extremamente desfavorável.
Além disso, o gravador de voz da cabine do avião registrou conversas do copiloto sobre a necessidade de "dar potência" à aeronave minutos antes da queda, além de gritos da tripulação. A transcrição preliminar do áudio sugere que o ATR 72-500 perdeu altitude de forma repentina e que a tripulação tentou reagir nos momentos finais antes do choque com o solo.