DCE diz que UFPI é ciente de festas e que haviam pedido por mais segurança

O Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) segue investigando o caso, com o prazo de 10 dias para concluir o inquérito policial.

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A morte da estudante de jornalismo Janaína da Silva Bezerra, de 22 anos, segue gerando diversos debates em torno da Universidade Federal do Piauí, tendo a segurança como a principal pauta. O Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) segue investigando o caso, com o prazo de 10 dias para concluir o inquérito policial. 

Em entrevista ao Meionorte.com, Karla Luz, diretora de comunicação do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFPI, pontuou que apesar de negar, a instituição de ensino tem total ciências das festas realizadas nas dependências do local e que em reunião realizada no fim do ano passado junto à atual reitoria, foi pedido o reforço por mais segurança na universidade.

Janaína Bezerra da Silva (Foto: Reprodução) 

O DCE-UFPI, assim como todos o diretório pelo país, são autogeridos por estudantes e possuem seu espaço físico. Segundo Karla, eles recebem solicitações dos Centros Acadêmicos (C.A’s) e dos estudante para a realização não só de festas nesses espaços, mas também para atividades culturais e artísticas, além de eventos de autofinanciamento. Os pedidos são administrados pela direção do diretório local e liberada em seguida, sob termo de responsabilidade. 

“A universidade é totalmente ciente, embora ela dizer que não. Os seguranças passeiam por ali, mas eles não ficam lá. São seguranças patrimoniais. Nem no dia a dia fazem isso. E as festas não acontecem só no DCE, acontece em outros locais do campus também. Embora esse fato tenha acontecido lá. A universidade tem total ciência disso e está tirando sua responsabilidade. São espaços de autofinanciamento, culturais, acontecem saraus; amplos tipos de cultura” disse a integrante do DCE. 

Karla Luz destacou que nessa reunião realizada no fim do ano passado entre o DCE e a reitoria, foi pontuado que o ideal seria um posto de segurança em cada centro acadêmico, mas por questões financeiras, a solicitação seria inviável, segundo a UFPI. Foi falado ainda da parceria com o Governo do Estado e Prefeitura de Teresina por um maior policiamento, mas segundo a integrante do diretório, a presença policial foi sendo menos frequente, após os casos diversos arrastões no campus, que se tornaram públicos.

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“Nós do DCE conseguimos uma reunião no final do ano com reitoria e uma das pautas foi a segurança. O ideal seria um posto de segurança para cada centro. Eles informaram que cada posto custaria R$ 250 mil, R$ 1 milhão para a UFPI e que não teria verba para aumentar esses postos. Os estudantes não estavam se sentindo mais seguros e tinha que resolver essa situação. Falaram da parceria com o estado, prefeitura; aconteceu na época dos arrastões, problemas que se tornaram públicos, mas depois pararam de frequentar a universidade. Nós dissemos que não era suficiente, dissemos da iluminação”, reitera.

DCE diz que UFPI é ciente de festas e que haviam pedido por mais segurança (Foto: Reprodução/ UFPI)

Alta demanda em casos de assédio 

A diretora de comunicação do DCE falou ainda sobre a demanda de assédios registrada na universidade, seja de professores e estudantes. Foi proposto a criação de uma ouvidoria para o assunto, o que também teria sido inviável, pois a construção parte do governo federal. No entanto, uma comissão para tratar do assunto foi viabilizada. 

“Infelizmente estamos passando por isso nesse momento e a segurança tem a ver com muitos outros fatores; cortes da educação nos últimos 4 anos. A universidade que devíamos sentir segurança, infelizmente foi o lugar que aconteceu essa tragédia”, completa. 

Estudantes de jornalismo divulgam programação de homenagens

Estudantes do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Piauí divulgaram uma programação de homenagens à Janaína da Silva Bezerra. Segundo o Centro Acadêmico, será realizada uma vigília e caminhadas junto à comunidade e amigos, em memória de Janaína.

Nas redes sociais, o Centro Acadêmico de Comunicação Social da UFPI divulgou uma programação em memória à estudante. De acordo com a publicação, a partir das 16h de segunda-feira (30), a comunidade estará realizando uma vigília e em seguida caminhadas com momentos de reflexão, coletividade e celebração à memória de Janaína.

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“Será um momento de reflexão, coletividade e celebração à sua memória! Celebraremos Janaína, e seguiremos lutando pelo fim da violência de gênero, que nos rouba nossas meninas e mulheres. Em memória aos que queiram trazer velas, cartazes e balões, esse espaço estará aberto para acolher as manifestações e as homenagens”, comunica o Centro Acadêmico.

NUPEC repudia o crime e diz que calouradas não são “balbúrdias” 

O Núcleo de Pesquisas sobre Crianças, Adolescentes e Jovens (NUPEC-UFPI) se manifestou sobre o caso, através de nota, nesta segunda. Repudiando o crime registrado dentro da instituição, o núcleo frisou que as calouradas sempre existiram e tem como propósito trocas de experiências, encontros, emoções, afetos, solidariedades, animação. De acordo com a nota, ‘as festas, ao contrário do que se propaga, não são “balbúrdias” e sim espaços de aprendizagens, de formação, de convívio, de afetividades, de humanidades’.

“Na UFPI, as calouradas sempre existiram e tem como propósito trocas de experiências, encontros, emoções, afetos, solidariedades, animação. Afinal de contas, como uma universidade pode conviver com as juventudes desprezando suas formas de sociabilidades para além da sala de aula? As festas, ao contrário do que se propaga, não são “balbúrdias” e sim espaços de aprendizagens, de formação, de convívio, de afetividades, de humanidades! Por essa razão, preocupa-nos os rumos que o debate toma quando vem a público o feminicídio de uma jovem estudante mulher negra em que a “insegurança” é adotada como elemento central e não a “violência” sofrida! As mulheres não estão seguras na sociedade em que o machismo está entranhado. As mulheres cotidianamente violentadas”, diz trecho da nota.

O caso - A jovem de 22 anos, chegou morta ao Hospital da Primavera, localizado na zona Norte de Teresina. Ela apresentava lesões no rosto e em diversas regiões do corpo. 

Segundo a investigação policial, a jovem foi violentada em uma sala do Programa de Pós-Graduação em Matemática, no Centro de Ciências da Natureza (CCN) da UFPI. No local, foram encontrados uma mesa e um colchão com vestígios de sangue.

O estudante Thiago Mayson da Silva Barbosa foi preso preventivamente, suspeito do crime. Um laudo preliminar do Instituto de Medicina Legal de Teresina (IML) confirmou violência sexual contra a jovem. Ela teria sido estuprada e tido o pescoço quebrado.

Em nota, a UFPI informou que a festa estudantil ocorreu sem autorização de qualquer autoridade da Universidade e que tem prestado apoio contínuo à família da vítima, desde as primeiras horas após ocorrência do fato. As atividades acadêmicas a administrativas foram suspensas nessa segunda (30). 

Estudante foi preso preventivamente suspeito do crime (Foto: Reprodução)

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