Com certeza, muitos teresinenses já passaram por situações difíceis com acúmulos de dívidas e contas para quitar sempre no final de cada mês. Muitos já devem ter se deixado levar pelas armadilhas do crédito fácil e acabaram por fazer inúmeros empréstimos, financiamentos ou usar o cartão de crédito de maneira abusiva sem pensar nas consequências.
Tendo em vista esta realidade, um levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) comprovou que o percentual de famílias brasileiras com dívidas cresceu na passagem de abril para maio deste ano.
Em abril, o levantamento registra um índice de 45,4% de famílias que afirmaram possuir dívidas. Em maio essas famílias não pouparam e o índice subiu para 46,5%.
Em nossa capital o levantamento não se mostrou diferente. Comprova-se também que as famílias teresinenses continuam a acumular dívidas e a se render totalmente ao poder de sedução do crédito rápido e fácil.
Para o economista e analista em despesas pessoais Rafael Correa, os motivos que constatariam essa realidade aqui em nossa capital estariam nos incentivos que o governo brasileiro vem adotando para estimular o consumo.
?Por causa dessas medidas do governo, através dos noticiários, podemos perceber que houve um aumento significativo na inadimplência por parte das pessoas que compram a prazo ou pedem dinheiro emprestado?, analisa o economista.
Rafael Correa também mostra que a maioria dos consumidores teresinenses endividados compromete mais da metade de sua renda com alimentação, transporte e habitação. Ele afirma que de acordo com o IPCA - Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo medido pelo IBGE e que serve como parâmetro de inflação para o Governo Brasileiro, as famílias se comprometem com alimentação - 23,12%, transporte ? 20,54% e habitação ? 14,62%.
O cartão de crédito também é outro monstro que assola a vida daqueles que não conseguem se controlar e lidera entre os tipos de dívidas mais recorrentes. Para os economistas, o cartão de crédito e cheque especial são formas de empréstimo mais caras, por apresentarem taxas de juros maiores, o valor da dívida cresce mais rápido do que de um crédito consignado, que é considerado um crédito muito baixo.
Falta de equilíbrio compromete o bolso
?Tudo começou quando iniciei minha carreira como estagiária?, declara a assessora Miriam Sousa. Para ela, as dívidas já começaram a fazer parte de sua vida bem cedo. Quando começou a estagiar decidiu de imediato que era hora de começar a fazer compras de objetos pessoais. Assim ela foi acumulando contas, que não foram pagas, como ela própria já previa, porque o salário não era suficiente.
Miriam afirma ainda que a partir daí tudo se transformou em uma bola de neve. ?Cheguei a fazer empréstimos para quitar as dívidas, mas não adiantou e só acumulei mais contas ainda?. Para conseguir amenizar um pouco a situação, ela tomou algumas atitudes, como cancelar alguns cartões de crédito, pagar aquilo de mais urgente e ainda começar a comprar somente o necessário.
?A situação amenizou um pouco e ainda continuo a pagar dívidas acumuladas, só que agora mantenho meus pés no chão e já procuro manter sempre um equilíbrio?, finaliza a assessora.
Com a Família Silva, os problemas com dívidas também não são diferentes. A família confirma que o endividamento sempre ocorre por conta do pouco dinheiro empregado em muitos anseios da família. ?Queremos gastar mais do que ganhamos, por isso sempre acumulamos contas?, esclarece Francisca Maria Silva, que é vendedora.
O que fazer para sanar as dívidas
Para quitar as dívidas, a primeira atitude apontada pelo economista Rafael é separar as dívidas que têm maiores taxas de juros e realizar um processo de renegociação, alongando o prazo da dívida e diminuindo o valor da prestação mensal ou uma segunda forma é adquirir um empréstimo com taxas mais baixas que as taxas das dívidas atuais que são mais altas.
?Tais atitudes devem ser realizadas o mais rápido possível, pois os juros de cartão de crédito e cheque especial são muito altos, gerando um aumento muito rápido da dívida, o que vai gerando um efeito bola de neve perverso?, destaca.
Para não correr o risco de acumular dívidas, as pessoas devem adquirir uma disciplina financeira e evitar realizar compras por impulso. ?Antes de sair comprando é importante fazer reflexões se realmente está precisando gerar tal compra. A regra geral é gastar no máximo o valor das receitas?, ressalta Rafael Correa.
A solução também está em administrar melhor o dinheiro que entra em casa. Infelizmente poucos brasileiros têm acesso em casa ou fora à educação financeira, que é um assunto extremamente importante independentemente do nível social ou profissional. ?Todos nós devemos saber controlar nosso dinheiro. Esse controle pode ser através de anotações em um caderno ou mesmo utilizando um computador?, recomenda o economista.