A eleição de Javier Milei para a presidência da Argentina provoca apreensão nos mercados financeiros locais, com possíveis impactos significativos nas taxas de câmbio. Durante a disputa, o peso argentino sofreu uma desvalorização expressiva, e a confirmação de que as propostas ousadas do economista ultraliberal serão implementadas pode agravar ainda mais a situação já delicada.
A desvalorização da moeda nacional está associada a uma série de problemas macroeconômicos, incluindo uma inflação superior a 140% em 12 meses, falta de reservas em dólar, endividamento e aumento da pobreza. Por outro lado, essa situação resultou em um fenômeno turístico notável: um aumento ainda maior no número de turistas brasileiros no país vizinho.
Com o peso argentino valendo menos, o real brasileiro ganha poder de compra. O dólar blue, principal cotação paralela da moeda americana, subiu mais de 207% em 12 meses, passando de 370 pesos em janeiro para 1 mil pesos pouco antes das eleições.
"O câmbio nesse patamar possibilita um upgrade nos serviços, com excelentes hotéis, restaurantes, vinhos e passeios a custos abaixo do que normalmente teriam. Isso já aconteceu outras vezes e sempre que ocorre, vemos a demanda aumentar", destaca Marina Figueiredo, presidente executiva da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa).
Aversão a investidores
Apesar da incerteza gerada pelas propostas de Milei, que causam aversão a investidores, especialmente no início do governo, economistas alertam para os riscos das medidas radicais propostas pelo novo presidente, como a dolarização da economia e a extinção do Banco Central. A implementação dessas propostas exigiria uma ampla adesão do Congresso, algo que Milei ainda não demonstrou ter.
"Milei confirma que pretende seguir com a dolarização, mas não há nada concreto, nem um plano do que deve ser feito. Isso demanda uma emenda constitucional, como foi feito no Plano Cavallo, nos anos 1990", lembra Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.
Possível escassez de investimento
A imprevisibilidade do cenário pode levar à retirada de mais dinheiro internacional do país, agravando a situação do peso argentino nos próximos dias e meses, tornando a Argentina ainda mais atrativa para os turistas brasileiros a curto prazo.
O impacto inicial dessa conjuntura será observado no pregão desta terça-feira (21), após o feriado de segunda-feira (20) no país. A incerteza gerada pela eleição de Milei também levanta questões sobre o futuro econômico e a estabilidade do país como destino turístico.
Buenos Aires, já consolidada como um dos principais destinos turísticos para os brasileiros em 2023, oferece benefícios atrativos, incluindo opções gastronômicas de renome internacional. Restaurantes como o Don Julio, classificado em 19º lugar no "World's 50 Best", atraem uma legião de turistas brasileiros em busca de uma experiência única a preços mais acessíveis. O cenário econômico favorável também se estende a bares e hotéis, consolidando a Argentina como um destino turístico competitivo para os brasileiros.
O enoturismo na região de Mendoza também está em ascensão, com brasileiros aproveitando os preços mais baixos para explorar vinícolas e adquirir vinhos de alta qualidade a preços mais acessíveis. Apesar dos benefícios econômicos imediatos para os turistas, a incerteza sobre as propostas de Milei e seus impactos a longo prazo na economia argentina são motivo de preocupação para investidores e observadores de mercado.
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