A Petrobras vai ficar sob o comando, interinamente, do atual diretor executivo de Exploração e Produção da companhia, Fernando Borges. A informação foi confirmada na manhã desta segunda-feira (20) horas depois de anunciada a saída de José Mauro Coelho, que pediu demissão da Presidência e do Conselho de Administração da estatal.
Segundo comunicado da Petrobras protocolado junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Borges ficará na liderança da estatal até que um novo presidente seja eleito e empossado
O provável substituto de José Mauro Coelho é Caio Paes de Andrade, secretário de Desburocratização do Ministério da Economia. Ele foi indicado ao cargo pelo presidente Jair Bolsonaro, mas a troca esbarrou nos trâmites legais definidos para a substituição.
Funcionário de carreira, Fernando Borges trabalha na Petrobras há quase 40 anos, tendo ocupado diversas funções gerenciais na área de Exploração e Produção, incluindo a Gerência Executiva de Libra e a Gerência Executiva de Relacionamento Externo.
Entre 2016 e março de 2020, Borges também atuou como Diretor no Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) e desde abril de 2016 exerce, por indicação da Petrobras, a função de Diretor da Associação Brasileira de Empresas de Exploração e Produção de Petróleo e Gás (ABEP).
Presidência da Petrobras no governo Bolsonaro
A Presidência da Petrobras ficou vaga no começo da manhã, quando foi formalizada a saída de José Mauro Coelho, que pediu demissão do cargo após cerca de um mês de constante pressão do governo. Ele foi o terceiro executivo a deixar a presidência da estatal no governo de Jair Bolsonaro
Coelho, que tomou posse em 14 de abril, comandou a Petrobras por 68 dias - foi o 2º menor tempo de gestão da estatal desde o fim da ditadura militar - e foi o terceiro executivo na Presidência da Companhia no governo Jair Bolsonaro.
A saída dele era aguardada desde o dia 23 de maio, quando o Ministério de Minas e Energia anunciou que seria realizada a terceira troca no comando da empresa. Na ocasião, a pasta alegou que "diversos fatores geopolíticos conhecidos por todos resultam em impactos não apenas sobre o preço da gasolina e do diesel, mas sobre todos os componentes energéticos".
Os dois executivos que antecederam José Mauro na presidência da Petrobras - Roberto Castello Branco e o general Joaquim Silva e Luna - também deixaram o comando da estatal diante pressão do próprio governo por conta da alta de preços dos combustíveis.
A política de preços da Petrobras segue a mesma adotada em 2016 pelo governo Michel Temer. Ela é submetida ao critério de paridade internacional, o que significa que os preços dos combustíveis levam em consideração a cotação do barril de petróleo no mercado internacional e, também, as oscilações do dólar.
O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, cobrou dos três executivos nomeados por ele para o comando da Petrobras que os preços dos combustíveis fossem contidos. Já de olho na reeleição, ele elevou o tom das críticas e chamou de "estupro" o lucro da estatal e pressionou a empresa a não aplicar reajustes.