Em virtude da baixa taxa de desemprego entre profissionais qualificados, o mercado presencia uma quantidade muito próxima de vagas para candidatos. Logo, além de ganhar mais poder de negociação, os profissionais também estão mais convictos e exigentes em suas prioridades. Neste contexto, a flexibilidade, sem dúvidas, está no topo delas.
“Hoje, os profissionais qualificados são protagonistas do mercado de trabalho. Não é à toa que o primeiro questionamento feito nas entrevistas atualmente é com relação ao modelo de trabalho. Boa parte dos candidatos opta por deixar de participar de processos caso a empresa não ofereça flexibilidade. Compreender que a escolha da modalidade está intrinsecamente ligada à atração e retenção de talentos é fundamental”, enfatiza o diretor-geral da Robert Half.
Para 77% dos trabalhadores, o modelo de trabalho ideal é o híbrido, independentemente da quantidade de dias no escritório. Outros 17% gostariam de seguir em modelo 100% remoto, e apenas 6% em regime integralmente presencial.
E é isso que os trabalhadores levam em conta ao avaliar uma vaga (43%), mais do que o salário (32%), a reputação da empresa (14%) e os benefícios oferecidos (12%).
“Por mais desafiador que o processo de implementação do modelo híbrido possa ser, é importante encará-lo como um reflexo dos novos tempos. Caminhar no sentido inverso sem uma justificativa plausível é se prender a uma realidade que não dá indícios de retorno”, ressalta Mantovani.
Mas os números da pesquisa mostram o longo caminho que as empresas ainda têm a percorrer - 57% delas oferecem o trabalho híbrido, 33% oferecem 100% presencial e 10% no modelo 100% remoto.
O levantamento mostra ainda que 42% das empresas que optaram pelo retorno 100% presencial têm perdido colaboradores, e 39% dos profissionais buscarão outra oportunidade se não tiverem flexibilidade.
Desafios de atração e retenção
A grande maioria (94%) dos executivos está mais confiante na comparação com os últimos 12 meses, o que incentiva a abertura de novas vagas de trabalho: 47% das empresas pretendem abrir novas posições. Outros 47% planejam preencher posições abertas, mas sem aumentar o número de funcionários.
No entanto, as empresas estão se deparando com dificuldades, já que a taxa de desemprego segue caindo e os bons talentos, que não estão tão disponíveis, muitas vezes lidam com mais de uma proposta em mãos, especialmente em mercados e cargos mais aquecidos.
Grande parte dos executivos (68%) acredita que encontrar profissionais qualificados será mais desafiador, e 76% estão preocupados com o tema de atração. Já em relação à retenção, 84% das empresas estão, em algum nível, preocupadas com a permanência de seus melhores talentos. Dentre elas, 35% estão muito preocupadas e 49% estão um pouco. Apenas 17% se definem completamente despreocupadas.
Para driblar os desafios de atração, as principais ações que as empresas têm adotado para chamar a atenção de candidatos são:
destacar oportunidades de desenvolvimento/treinamento
especificar que o trabalho é remoto e/ou flexível no anúncio
promover valores da marca e ética
oferecer participação/ações da companhia
reforçar os programas de RH, como licença parental, práticas ESG, etc.
Já entre os motivos que justificam o receio no que diz respeito à retenção estão:
abordagem agressiva da concorrência
altas cargas de trabalho e aumento da pressão
baixas oportunidades de crescimento/desenvolvimento
falta de flexibilidade com modelos de trabalho e horários