Uma pesquisa realizada pela Serasa Experian e divulgada pelo jornal O Estado de São Paulo revelou um número alarmante de brasileiros adultos inadimplentes. Segundo a pesquisa, em março deste ano, 43,43% da população com mais de 18 anos de idade estava com dívidas em atraso.
A inadimplência é um problema que afeta a recuperação econômica do país, o que levou o governo a anunciar a criação do programa 'Desenrola', com o objetivo de reduzir o calote em âmbito nacional. De acordo com o economista da Serasa, Luiz Rabi, estados mais ligados ao setor de serviços, indústria e grandes centros urbanos estão em situação pior.
A pesquisa também revelou que o Rio de Janeiro, que ocupava a sexta posição no ranking dos estados mais inadimplentes em março de 2020, agora lidera a lista. Amapá e Amazonas, ambos estados da região norte do país, aparecem na sequência.
O economista Luiz Rabi afirmou em entrevista ao Estadão que a renda é a principal variável que afeta a inadimplência. Desde o início da pandemia, a inadimplência caiu para a mínima histórica devido à renegociação de dívidas e à queda da taxa básica de juros, a Selic, para 2% ao ano. "Houve um alongamento da curva de dívida das famílias", afirma Michael Burt, economista da LCA Consultores.
Enquanto o Rio de Janeiro lidera a lista de estados mais inadimplentes, Piauí, Santa Catarina e Maranhão estão no polo oposto, com os menores índices de inadimplência. Segundo Luiz Rabi, os benefícios sociais oferecidos pelo governo federal e pelos estados podem ter influenciado o bom desempenho da inadimplência nesses estados.
A pesquisa da LCA Consultores, com base em dados do Ministério do Desenvolvimento Social, mostra que o Piauí é a unidade da federação que mais recebeu Bolsa Família em fevereiro deste ano, com 19,4% da população beneficiada. Maranhão também figura entre os estados mais beneficiados, com 17,5%. Michael Burt, da LCA, acredita que o bom desempenho da inadimplência nesses estados esteja ligado às maiores facilidades na renegociação de dívidas e à influência dos benefícios sociais na renda da população.