El Niño pode causar prejuízos trilionários para a economia de todo o mundo

Os climatologistas recentemente anunciaram que o fenômeno climático El Niño já se formou e irá se fortalecer até o final do ano.

Fenômeno climático deve impactar globalmente a economia | Getty Images
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O El Niño irá trazer mudanças acentuadas nos padrões climáticos em todo o mundo nos próximos meses, mas já estima-se que seus efeitos também podem trazer prejuízos avassaladores para os países. Segundo um estudo recente feito por pesquisadores do Dartmouth College em Hanover, no Estado americano de New Hampshire, o fenômeno, que se iniciou este ano, pode custar até US$ 3,4 trilhões (cerca de R$ 16,6 trilhões) para a economia global nos próximos cinco anos.

Segundo publicação da BBC, pesquisadores afirmaram que, após dois eventos poderosos recentes do El Niño, em 1982-83 e 1997-98, o PIB dos Estados Unidos foi 3% menor do que o esperado meia década depois. Se um evento com magnitude similar acontecesse agora, o custo calculado para a economia americana seria de US$ 699 bilhões (cerca de R$ 3,4 trilhões).

A queda no PIB em consequência do fenômeno, também foi observado em países tropicais costeiros, como a Indonésia e o Peru, que sofreram redução de 10% no PIB após os mesmos fenômenos, segundo os pesquisadores. Eles estimam que as perdas econômicas globais neste século somarão US$ 84 trilhões (cerca de R$ 410 trilhões), com as mudanças climáticas aumentando a frequência e a potência do El Niño.

"O El Niño não é apenas um choque do qual a economia se recupera imediatamente", afirma Justin Mankin, professor de geografia do Dartmouth College e um dos autores do estudo, que também destaca que "a produtividade econômica após o El Niño é reduzida por muito mais tempo do que simplesmente o ano após o fenômeno."

"Quando falamos em El Niño aqui nos Estados Unidos, significa que o tipo de impactos que iremos ver, como enchentes e deslizamentos, normalmente não tem cobertura de seguro na maioria das empresas e residências", segundo Mankin. Na Califórnia, por exemplo, 98% dos proprietários de casas não têm seguro contra enchentes.

Efeitos do El Niño

Os climatologistas recentemente anunciaram que o fenômeno climático El Niño já se formou e irá se fortalecer até o final do ano e durante os primeiros meses de 2024, mas seus efeitos são de longo prazo. Em determinadas regiões, o sul dos Estados Unidos, deve provocar enchentes. Na América do Sul, incluindo o Brasil, enquanto estados mais ao Norte podem sofrer com secas extremas, ao sul, o fenômeno tende a provocar grandes volumes de chuva.  

"Nossa previsão é que o El Niño continue até o inverno [no hemisfério norte – verão no hemisfério sul] e a probabilidade de que ele se torne um forte evento ao atingir seu pico é bastante alta, de 56%. A possibilidade de um evento pelo menos moderado é de cerca de 84%", segundo Emily Becker, diretora do Instituto Cooperativo de Estudos Marinhos e Atmosféricos da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, no blog da Administração Nacional Atmosférica e Oceânica (NOAA, na sigla em inglês) americana.  

Os cientistas já alertaram que, com o aumento das emissões de carbono e o forte El Niño deste ano, a possibilidade de que o planeta ultrapasse o limite de aquecimento global de 1,5° C em pelo menos um ano, até 2027, é de 66%. Além disso, o fenômeno pode trazer padrões meteorológicos extremos e perigosos, como fortes chuvas e enchentes, em partes dos Estados Unidos e em outros países, no final deste ano e no início do ano que vem. 

As mudanças dos padrões climáticos causadas pelo El Niño também trazem outros problemas: doenças infecciosas, por exemplo, podem ter maior incidência em áreas onde as condições favorecem a proliferação de insetos e outras pragas transmissoras.

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