Pamela Suellen Silva, esposa do guarda municipal Marcelo Arruda, assassinado na noite de sábado (9) pelo policial penal Jorge José da Rocha Guaranho, falou sobre tragédia que vivenciou ao ver o marido ser alvejado durante sua própria festa de aniversário, em Foz do Iguaçu (PR). Com informações do jornal O Globo.
Extremamente emocionada, Pamela, que é investigadora da Polícia Civil, relatou que o assassino José da Rocha Guaranho entrou no local com o objetivo de “matar as pessoas da festa” e que isso fez seu companheiro revidar os tiros. Marcelo deixa dois filhos com Pâmela, Pedro, com apenas 40 dias, e Helena, de seis anos.
Segundo Pamela, o homem até então desconhecido pela família apareceu em um carro branco, abriu o vidro e começou a gritar palavras contrárias à posição política de Marcelo Arruda. "Marcelo foi até ele pedir que fosse embora e ele sacou uma arma e apontou para o Marcelo. A mulher dele estava dentro do carro com uma criança e pediu pelo amor de Deus para ele ir embora. Ele foi, mas disse que voltaria", contou.
Pamela relata que achou que Guaranho não voltaria. Por isso, ela não foi buscar a arma que tinha no carro, por ser policial. Já Marcelo levou a ameaça mais a sério e trouxe a arma que usava como policial municipal.
"Quando ele retornou eu disse: ‘Vai embora cara, polícia’, mostrando que somos policiais. Mas ele começou a atirar a esmo, foi com intuito de matar as pessoas da festa. Aí Marcelo revidou. Um tiro atingiu a perna do Marcelo e o assassino chegou muito perto para executá-lo. Marcelo estava caído no chão. Foi horrível, horrível, uma cena de horror. Corri no carro para pegar minha arma e quando cheguei, Marcelo já estava no chão e o homem, também. Ele atirou no salão de festas onde tinham crianças, bebê. A bala quebrou o vidro do salão de festas e um pai se jogou pra proteger seu bebê", conta.
Pamela conta que a temática do PT para a festa de 50 anos foi uma brincadeira feita por amigos e familiares a pedido do marido, que era militante do partido, foi candidato a vereador pela legenda e também a vice-prefeito de Foz em 2020.
A esposa descreve Marcelo como “excelente pai, prestativo, atencioso, alegre e sempre de bom humor”, além de “politicamente ativo”, tanto em relação ao PT quanto sobre questões sindicais, já que ele integrava a executiva do Sindicado dos Servidores Municiais de Foz de Iguaçu.
Pamela relata que a violência política vinha chamando cada vez mais a atenção do companheiro, que falava que o cenário estava ficando mais perigoso. "Ele sempre foi atento a isso, ainda mais nos últimos anos. Estava preocupado. A gente conversava em casa e ele falava a gente tínhamos que cuidar muito disso, que estava ficando cada vez pior", relatou.