A influenciadora digital Maithê Fernandes da Costa, de 25 anos, relata ter sofrido diversas ofensas na web, ao ponto de perder a conta profissional, após a prisão do ex-companheiro. Moradora de São Vicente, no litoral paulista, ela foi agredida por ele na frente da filha em junho, o que ocasionou sua prisão e uma medida protetiva contra ele.
Nesta semana, o ex-namorado teria descumprido a ordem judicial, a encontrando em uma casa noturna, o que fez com que ele fosse preso novamente. Após esse segundo episódio, ela passou a ser alvo de internautas, que a acusam de ter forjado esse novo encontro.
"Parece que só eu vou pagar o preço pelo erro dele, só eu vou ser julgada e condenada por isso. Eu me sinto muito humilhada", descreveu Maithê em entrevista nesta segunda-feira (12).
A agressão que resultou na primeira prisão do rapaz de 26 anos ocorreu em Praia Grande, cidade vizinha, na casa onde ele reside. Após um período separados, eles reataram o relacionamento, e durante um jantar em um restaurante, que aconteceu no dia 10 de junho, ele teria se irritado ao conversar sobre o período em que ficaram separados. A agressão ocorreu na volta.
"Quando chegamos na casa, ele começou a me agredir, me puxando do carro. Ele me bateu muito lá fora, e quando eu tentei entrar, ele continuou me agredindo, até eu desmaiar. Isso tudo na frente da minha filha de 6 anos. Acordei com os policiais, a mãe dele e minha filha em estado de choque. Desespero", relembra a influencer.
Eles viviam em um relacionamento há cerca de um ano, e ela já havia sido agredida uma vez, mas o perdoou. Entretanto, desta vez, registrou um boletim de ocorrência, fez exames de corpo de delito, que comprovaram as agressões, e foi solicitada medida protetiva. Desde então, ela saiu da casa dele e voltou para a residência em São Vicente. O ex-companheiro foi solto pouco depois.
A outra prisão ocorreu nesta sexta-feira (9), pelo descumprimento da medida protetiva. Nesta segunda ocasião, a vítima conta que saiu, junto com uma amiga advogada, e foi a uma casa noturna. Ele apareceu no estabelecimento depois delas. A amiga relatou que pediu para ele ir embora, mas ele não saiu. Ela acionou a polícia, que o prendeu pelo descumprimento da medida.
A partir disso, Maithê começou a ser atacada nas redes sociais, ambiente em que trabalha. "Desde então, a minha vida virou um inferno. Começaram a criar fakes com fotos minhas, chamando pessoas conhecidas e inventando que eu estava vendendo meu corpo em troca de dinheiro, e usando foto minha com a legenda 'eu sou vacilona'", explica.
Após diversos ataques, ela teve a conta invadida e perdeu o perfil com mais de 15 mil seguidores. Essa era a fonte de renda dela, que se formou em pedagogia, mas passou a investir nas redes sociais durante a pandemia. Desde então, está em contato com a plataforma e segue tentando recuperar a fonte de renda.
Sem isso, ela precisará começar do zero, mas relata que passa por muitas dificuldades, após consequências físicas e psicológicas. Ela afirma que decidiu denunciar o caso pensando na filha, que sente muito medo após presenciar a agressão.
"Eu só quero ficar em paz. Minha dor, seja física ou psicológica, não passa. Não é fácil, são muitas pessoas julgando, desconfiando, encontrando motivos para justificar onde não tem. Estou juntando um caco a cada dia", desabafa.
Próximos passos
A reportagem conversou com o advogado Márcio Badures, que defende Maithê junto com a advogada Tailly Loureiro. "Esse caso me foi apresentado logo após a agressão, e desde então, estamos a assistindo, reunindo elementos que comprovam intensa violência psicológica, e colhendo provas de agressões, ameaças e xingamentos pretéritos", explica.
Badures informa que a intenção é formalizar todas essas questões no processo principal em curso em Praia Grande. Ele relata que a segunda prisão se deu quando o ex-companheiro dela descumpriu a medida cautelar de não se aproximar da vítima, sendo que a advogada envolvida no caso levou ao conhecimento dele que ela estava no mesmo ambiente, e ele "simplesmente disse que não iria embora".
Defesa
Procurada, a defesa do suspeito enviou uma nota com o posicionamento sobre o caso. Confira o que ele relata, na íntegra:
"Primeiramente, esclarece a defesa do acusado que os fatos acerca da suposta agressão sofrida por Maithê não ocorreram da forma como descrita na inicial acusatória, e serão comprovados durante a instrução processual nos autos em questão.
Já referente à ficta quebra da medida protetiva, tratou-se de uma perseguição empreendida pela vitima a diversos estabelecimentos comerciais onde se encontrava o acusado, com único intuito de efetuar sua prisão em flagrante, ancorada na medida protetiva em questão, tendo em vista que o mesmo possui um novo relacionamento e não mais corresponde às expectativas de sua ex-companheira, tudo bem detalhado e demonstrado nos autos, que corre em segredo de Justiça, sendo assim, a defesa do acusado entende por conveniente não expor maiores detalhes dos fatos ocorridos, tanto no momento da suposta quebra de medida protetiva quanto da acusação de agressão.
No tocante a mensagens ameaçadoras, que supostamente Maithê teria recebido em suas redes sociais, o que a defesa do mesmo tem notícias, pelos próprios advogados da Maithê, é que as mesmas começaram a ocorrer após a injusta prisão acerca da quebra de medida protetiva, que não ocorreu, e que o acusado sequer tem ciência, tendo em vista que, desde o dia dos fatos, o mesmo encontra-se no cárcere, portanto, sem qualquer comunicação com a sociedade, e quem dirá com redes sociais, não podendo, assim, ser responsabilizado".